40 carros de luxo voaram de Jumbo até Nova Guiné e estão lá ‘encalhados’ após 3 anos

Imagem: AirBridgeCargo

Quando sediou a conferência de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec) em 2018, o governo de Papua-Nova Guiné, um país na ilha de Nova Guiné, fez questão de impressionar as nações visitantes. Comprou 43 carros de luxo, sendo 40 Maserati Quattroporte e três Bentley Flying Spur para transportar os importantes representantes de diversos países que lá estariam.

A ideia custou alguns milhões, tanto pelo preço dos veículos quanto pelo transporte, já que precisaram ser adquiridos em outro país e, com isso, uma empresa aérea foi contratada para transportá-los até a ilha de Nova Guiné. A AirBridgeCargo os levou a bordo de seus Boeings 747-8F.

Imagem: AirBridgeCargo

A ação gerou revolta. Como um país em miséria, com questões humanitárias mais urgentes para se destinar recursos financeiros do que com carros de luxo, alguns dos líderes visitantes, como a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, recusaram-se a usá-los.

Na tentativa de combater a polêmica, o governo justificou que grande parte das despesas seria recuperada vendendo os carros aos cidadãos. Eles “venderiam como pão quente”, já que na ilha não há representante de vendas dos luxuosos modelos, sendo uma oportunidade de compra.

Mas, três anos depois, foram vendidos um total de três veículos, portanto, os outros 40 seguem “encalhados”. Conforme relatado pelo Post Courier, o ministro das Finanças, John Pundari, agora admitiu que a aquisição não foi a melhor ideia. “Se tivéssemos alguma previsão, os Maseratis não teriam sido comprados”, disse ele, acrescentando: “Cometemos um erro terrível. Se você não tem concessionários de Maseratis em Papua Nova Guiné, não há razão para comprar Maseratis.”

Mas os Maseratis e Bentleys são apenas a ponta do iceberg. O governo da Papua Nova Guiné está no meio de um processo para rastrear e recuperar centenas de outros veículos adquiridos também para a conferência da Apec, incluindo vários Fords, Mazdas, Hyundais, Toyotas e Mitsubishis.

Apesar da emissão de um ultimato que terminou em 16 de setembro, 102 destes veículos ainda não haviam sido devolvidos até o início deste mês de outubro. Os próprios Quattroportes estiveram desaparecidos por alguns meses antes que a polícia os encontrasse em fevereiro de 2019.

Em uma tentativa de transferi-los um pouco mais rápido, o preço de cada Quattroporte foi reduzido em 20% sobre o que eles foram comprados. Alguns foram oferecidos a missões diplomáticas de Papua Nova Guiné, mas os altos custos operacionais se mostraram desanimadores. Outros, diz Pundari, serão doados a missões estrangeiras em países onde há apoio de revendedores.

Por enquanto, eles estão todos estocados em um depósito em Port Moresby, juntando poeira e causando mais constrangimento para o governo.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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