Com quase 71 anos de existência, Esquadrilha da Fumaça atingirá marco histórico

NA T-6 Texan em voo normal e A-29 Super Tucano em voo invertido – Imagem: Esquadrilha da Fumaça

A poucas semanas de completar 71 anos de existência, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecido como Esquadrilha da Fumaça, deve atingir uma marca célebre e de grande importância neste próximo final de semana. Trata-se da 4000ª apresentação.

As próximas demonstrações aéreas devem acontecer respectivamente em Torres, na sexta-feira (28), às 15h30, no Parque do Balonismo – durante o festival internacional da modalidade – local em que, provavelmente, será realizada a demonstração de número quatro mil.

No dia seguinte (29), será em Novo Hamburgo, às 16h, no aeroclube da cidade e, no domingo (30), às 14h30, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), da Força Aérea Brasileira (FAB), estará em Três de Maio, na Expofeira.

As próximas três demonstrações fazem parte de uma campanha no Sul do País. A Esquadrilha já esteve em Santa Catarina, onde realizou apresentações em Blumenau e Urubici, nos dias 22 e 23 de abril.

Agora, a equipe parte para as próximas três no Rio Grande do Sul e a primeira delas será um marco para o Esquadrão pois será a apresentação de número quatro mil, de uma história que começou em 1952, no Campo dos Afonsos (RJ), na antiga Escola de Aeronáutica.

Temos mais três apresentações no Sul do País ainda este mês, e as cidades de Torres, Novo Hamburgo e Três de Maio foram contempladas para receber a Esquadrilha da Fumaça. Para nós, é sempre um prazer realizar as demonstrações aéreas com o objetivo de divulgar a imagem institucional da Força Aérea Brasileira, mas também poder comemorar momentos importantes junto aos moradores da região como, por exemplo, o 33º Festival Internacional de Balonismo, que acontece em Torres. Participaremos também do 97º aniversário de Novo Hamburgo, e da Expofeira, em Três de Maio. Ainda neste fim de semana, iremos realizar a apresentação de número quatro mil, algo que é motivo de orgulho para todos nós”, comenta o Capitão Aviador André Nery Bezerra, piloto que ocupa a posição #6 do Esquadrão.

Histórico

A Esquadrilha da Fumaça originou-se pela iniciativa de jovens instrutores de voo da antiga Escola de Aeronáutica, sediada na cidade do Rio de Janeiro. Em suas horas de folga, os pilotos treinavam acrobacias em grupo, com o intuito de incentivar os Cadetes a confiarem em suas aptidões e na segurança das aeronaves utilizadas na instrução, motivando-os para a pilotagem militar.

Com as aeronaves North American T-6, eram executadas manobras de precisão como “Loopings” e “Tounneaux” com duas aeronaves. Posteriormente, após os comentários em terra, onde discutiam todos os detalhes, os aviadores passaram a voar com três aeronaves e, finalmente, com quatro.

Em 14 de maio de 1952, foi realizada a primeira demonstração oficial do grupo. Após algumas apresentações, percebeu-se a necessidade de proporcionar ao público uma melhor visualização das manobras executadas. Com isso, em 1953, acrescentou-se aos T-6 um tanque de óleo exclusivo para a produção de fumaça. Foi assim que os Cadetes e o público, carinhosamente, batizaram a equipe de “Esquadrilha da Fumaça”.

Em 1955, a Esquadrilha passou a ter cinco aviões de uso exclusivo, com distintivo e pintura próprios. Assim, a Esquadrilha da Fumaça foi aumentando o número de manobras e se popularizando cada vez mais no Brasil e no exterior, até que em 1963 foi transformada em “Unidade Oficial de Demonstrações Acrobáticas da Força Aérea Brasileira”, única no mundo a se apresentar com aviões convencionais, até 1969.

Naquele ano a Fumaça recebeu sete jatos Super Fouga Magister que, por suas limitações técnicas, operaram até 1972. Como não haviam abandonado o velho T-6, continuaram as apresentações até que, em 1976, após 1.272 demonstrações, o então Ministério da Aeronáutica resolveu não utilizar mais a aeronave.

Alguns anos mais tarde, já na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga/SP, o seu Comandante incentivou a reativação da Fumaça. Após selecionar alguns instrutores, que passaram a treinar com os T-25 Universal que equipavam o Esquadrão de Instrução Aérea, colocou no ar o “Cometa Branco”, o qual incorporou os procedimentos de segurança e a doutrina da antiga Fumaça.

A 10 de julho de 1980, aconteceu a primeira demonstração daquele grupo de instrutores, durante a cerimônia de entrega de Espadins aos Cadetes que, naquele ano, haviam ingressado na AFA. Após 55 demonstrações, os “Tangões” passaram a incorporar a famosa Fumaça e, em 21 de outubro de 1982, era criado o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA).

Em 8 de dezembro de 1983, foram adquiridos os EMB-312 Tucano da EMBRAER, aeronave utilizada até março de 2013. Com o tempo, as aeronaves e as acrobacias mudaram. Embora com uma estrutura bastante diferenciada do início, a essência da Esquadrilha mantém preservado o espírito de arrojo e determinação do grupo, procurando resguardar, hoje, os princípios que lhe deram sustentação ao longo da sua existência.

Seguindo sempre os últimos avanços em sistemas aviônicos, em março de 2013, a Esquadrilha da Fumaça iniciou o processo de implantação operacional e logística das aeronaves A-29 Super Tucano. As cores da Bandeira do Brasil continuam a compor a pintura do novo avião, que ganhou tonalidades mais fortes e marcantes: a própria Bandeira Nacional é destacada na cauda do A-29, ressaltando o alto grau tecnológico da indústria brasileira e o excelente profissionalismo dos pilotos da Força Aérea, além de evocar o sentimento patriótico do público.

A agenda da Esquadrilha da Fumaça é divulgada mensalmente ou a cada dois meses, sendo necessária a solicitação formal com a antecedência mínima de quatro meses ao CECOMSAER. Todos os custos de material, logística e pessoal são cobertos pelo Comando da Aeronáutica.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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