A 32 mil pés, viajantes que saíram da Rússia descobrem que o voo seria ‘para lugar nenhum’

Boeing 777-300ER da Aeroflot – Imagem: Fedor Leukhin / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Passageiros de um voo da companhia russa Aeroflot acabaram por enfrentar um voo de 8 horas “para lugar nenhum”, já que sua viagem precisou terminar de volta na origem em decorrência das consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O Boeing 777-300ER registrado sob a matrícula VP-BHA partiu de Moscou, capital da Rússia, no meio da tarde do domingo, 27 de fevereiro, às 15h55 (12h55 UTC) locais, para o voo SU-124, que percorre o trajeto até Nova York, nos Estados Unidos, três vezes por semana.

Entretanto, embora os americanos ainda não tenham feito nenhum bloqueio de seu espaço aéreo aos aviões comerciais russos como fizeram alguns países europeus, o Canadá já se juntou à luta indireta à Rússia.

Conforme anúncio de Omar Alghebra, Ministro dos Transportes, e Melanie Joly, Ministra das Relações Exteriores, emitido na tarde do domingo, “O Governo do Canadá está proibindo a operação de aeronaves de propriedade russa, fretadas ou operadas no espaço aéreo canadense, inclusive no espaço aéreo acima das águas territoriais do Canadá. Este fechamento do espaço aéreo entra em vigor imediatamente e permanecerá até novo aviso.

A medida com efetividade imediata pegou de surpresa os pilotos do Boeing 777 da Aeroflot no meio de sua jornada, a 32 mil pés (9.750 metros) de altitude, após cerca de 4 horas desde a decolagem.

Como o trajeto mais curto entre a Rússia e os Estados Unidos passa sobre o Canadá, e naquele momento o voo ainda estava sobre o Oceano, aproximando-se da Groenlândia, os tripulantes decidiram que seria mais adequado retornar a Moscou.

Fazendo o retorno por volta das 19h58 (16h55 UTC), o Boeing tomou rumo contrário e percorreu novamente as 4 horas do trajeto, pousando no Aeroporto Sheremetyevo às 23h52 (20h52 UTC), cerca de 8 horas desde a partida.

O momento em que o voo iniciava o retorno – Imagem: FlightRadar24

É bem provável que o Boeing 777-300ER tenha alcance para voar de Moscou até Nova York através de uma rota mais longa do que este trajeto mais curto que passa pelo espaço aéreo canadense. Entretanto, para tal, é necessário que voo já tenha sido planejado dessa forma, com mais combustível, portanto, nem sempre é possível que os pilotos simplesmente escolham no meio da viagem fazer uma alteração na rota.

Apesar da viabilidade de um caminho alternativo mais longo, porém, o próximo voo SU-124, que ocorreria na terça-feira, 1º de março, já consta como cancelado. Talvez a razão seja porque a Aeroflot esteja aguardando por possíveis bloqueios adicionais de outros países antes de definir se vale a pena partir com seus próximos serviços que cruzem países europeus e americanos.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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