A aviação do Brasil está se recuperando, mas parte do mundo estagnou, de novo

A aviação comercial brasileira vem mantendo uma boa tendência mensal de recuperação, com crescimentos de até 20% a 25%, desde abril, quando foi revertida a queda iniciada em janeiro de 2021 devido à segunda onda da Covid-19 no país.

A expectativa é que este mês julho seja mais um na sequência de crescimento dos dados de tráfego aéreo, especialmente em função do aumento de demanda por conta das férias de meio de ano. O bom momento, entretanto, pode em breve enfrentar uma nova reversão para baixo, conforme a luz de alerta acesa pelos dados globais do mês de maio, publicados ontem pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

Segundo os números, a recuperação do mercado aéreo, principalmente advinda do crescimento dos tráfegos domésticos, teve um importante esfriamento em maio, tendo apenas um pequeno crescimento de menos de 3%, que pode significar um começo de reversão. Isso porque vários países, especialmente na Ásia, enfrentaram um novo aumento no número de contaminações por Covid-19, impulsionado pela nova variante “Delta” do vírus, que surgiu na Índia.

Dessa forma, como toda a América do Sul costuma experimentar com atraso todas as variações de evolução que a Covid-19 apresenta no resto do mundo (pois a região foi a última afetada pelo coronavírus no início da pandemia), devemos esperar no Brasil o mesmo arrefecimento da recuperação em breve, possivelmente por volta de agosto ou setembro.

Veja a seguir os dados globais publicados pela IATA.

– A demanda total por viagens aéreas em maio de 2021 (medida em receita por passageiro por quilômetro, ou RPKs) registrou queda de 62,7% em comparação a maio de 2019. Essa foi uma melhora pequena de apenas 2,5% em relação à queda de 65,2% registrada em abril de 2021 em relação a abril de 2019.

– A demanda internacional de passageiros em maio ficou 85,1% abaixo de maio de 2019, um pequeno aumento de 2,1% em relação à queda de 87,2% registrada em abril de 2021 em comparação com dois anos atrás. Todas as regiões contribuíram para essa melhoria modesta, com exceção da Ásia-Pacífico (que voltou a ter aumento de casos da Covid-19).

– A demanda doméstica total esteve 23,9% abaixo dos níveis pré-crise (maio de 2021 em comparação com 2019), melhorando ligeiramente 1,6% em relação a abril de 2021, quando o tráfego doméstico caía 25,5% em relação ao período de 2019. O tráfego da China e da Rússia continuaram em crescimento em comparação aos níveis pré-COVID-19, mas a Índia e o Japão viram uma deterioração significativa em meio a novas variantes e surtos.

Mercado de passageiros aéreos – maio/2021

Mercados internacionais

– A demanda internacional das operadoras da Europa em maio ficou 84,7% abaixo em relação a maio de 2019, melhor que a queda de 87,7% em abril em comparação com o mesmo mês de 2019.

A capacidade oferecida nos voos europeus ficou 75,7% abaixo de 2019 e a taxa de ocupação caiu 31,3 pontos percentuais para 52,9%.

– As companhias aéreas da Ásia-Pacífico viram sua demanda internacional cair 94,3% em maio em comparação com maio de 2019, um pouco pior do que a queda de 94,2% registrada em abril de 2021 em relação a abril de 2019. A região experimentou as maiores quedas de tráfego pelo décimo mês consecutivo.

A capacidade oferecida na região ficou 86,4% abaixo de 2019 e a taxa de ocupação caiu 45,5 pontos percentuais para 33,2%, a menor entre as regiões.

– As companhias aéreas do Oriente Médio experimentaram uma queda de demanda de 81,3% em maio em comparação com maio de 2019, ligeiramente melhorando a queda de 82,9% em abril, em relação ao mesmo mês em 2019.

A capacidade dos voos internacionais das empresas do Oriente Médio caiu 63,7% e a taxa de ocupação caiu 35,3 pontos percentuais para 37,7%.

– A demanda das operadoras da América do Norte em maio ficou 74,4% abaixo em comparação com o período de 2019, uma melhora sobre o declínio de 77,6% em abril em relação a dois anos atrás.

A capacidade caiu 58,5% e a taxa de ocupação caiu 32,2 pontos percentuais para 51,7%.

– As companhias aéreas da América Latina registraram uma queda de 75,1% na demanda em maio, em comparação com o mesmo mês de 2019, notavelmente melhorada em relação à queda de 80,9% em abril em relação a abril de 2019.

A capacidade de maio das latino-americanas caiu 69,9% e a taxa de ocupação diminuiu 14,6 pontos percentuais para 69,5%, que foi a maior taxa de ocupação entre as regiões pelo oitavo mês consecutivo.

– A demanda das companhias aéreas da África caiu 71,4% em maio em relação a maio de dois anos atrás, um ganho em relação à queda de 75,6% em abril em relação a abril de 2019.

A capacidade das africanas em maio caiu 61,8% em relação a maio de 2019 e a taxa de ocupação caiu 16,9 pontos percentuais para 50,2%.

Mercados domésticos

A demanda doméstica da Índia caiu 71,0% em maio em comparação com maio de 2019 em meio ao surgimento da nova e mais contagiosa variante “Delta”. Isso se compara a uma queda que era de 42,0% em abril em relação ao mesmo mês de 2019, ou seja, uma grande piora de 29,0%.

A demanda doméstica do Japão caiu 68,5% em maio de 2021 em comparação com maio de 2019, uma também significativa piora de 13,6% em relação à queda que era de 54,9% em abril em relação ao mesmo mês de 2019.

A demanda doméstica do Brasil seguiu movimento contrário e se recuperou fortemente, de uma queda de 60,9% em abril em relação ao mesmo mês de 2019, para uma queda de 44% em maio, melhora mensal de 16,9% conforme as restrições a viagens foram atenuadas.

A demanda doméstica da Rússia em maio de 2021 ficou 22,6% acima do mesmo mês de 2019, um aumento de 11,6%, quando comparado aos 11% acima de 2019 registrado em abril de 2021.

Informações da IATA

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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