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A interrupção da cadeia de suprimento e o impacto para as empresa aéreas: ALTA

As interrupções na cadeia de suprimentos e no transporte global estão dificultando para os fabricantes de aeronaves e fornecedores comerciais atenderem à demanda ressurgente por peças. Esse contexto foi o tema do painel “Supply Chain Disruption: Operational Impact for Airlines and Suppliers” no primeiro dia da ALTA CCMA & MRO Conference 2022.

Moderado por Carlos García, diretor da Oliver Wyman, o painel contou com a participação de Eduardo Gáspari, chefe de operações da Flybondi, Diana Calixto, vice-presidente sênior de administração e suprimentos da Avianca, Jayesh Shanbhag, gerente geral para América de Suporte ao Cliente e Produtos GE , e Andy Shields, vice-presidente de PMA da Wencor.

Já no início do painel, o moderador Carlos García trouxe um panorama dos desafios que a indústria da região vem enfrentando nos últimos anos. Como exemplo, García citou a diferença entre os países na recuperação da pandemia: “enquanto as 10 principais companhias aéreas americanas receberam mais de 15 bilhões de dólares em apoio do governo, a região da América Latina foi a região do mundo com menos apoio recebido”.

Embora tenha um imenso potencial, a região da América Latina sente efeitos que impactam o mercado da região. Um dos pontos apontados pelo moderador foi o lento crescimento econômico e o custo do combustível, que é dolarizado e traz mais complexidade para a organização dos custos do setor aéreo na região. Os suprimentos também estão pressionando os custos da indústria. De acordo com dados da AlixPartners, o setor de aviação pagou em média de 27% a 44% a mais por matérias-primas no primeiro semestre de 2021, em relação a 2020. Todos esses efeitos contribuem para um menor crescimento da região em relação a outros mercados.

Os fabricantes de aeronaves pressionam a cadeia de suprimentos, colocando um desafio particular aos fornecedores de peças, especialmente de aeronaves de fuselagem estreita, que tem visto um aumento na demanda devido à recuperação de viagens de curta distância. De 2019 a 2022, a frota da região cresce cerca de 1,1%, enquanto outras regiões do mundo crescem 2,6%.

Diana Calixto, VSP da Avianca, explica a visão de uma grande empresa diante desses desafios: “Na Avianca temos um grande desafio em termos de frota devido ao nosso modelo de negócios e o que temos de história não é suficiente agora. Estudamos para recalibrar nosso modelo, mas agora temos que encontrar novas soluções para avançar em eficiência e inteligência e nossa previsão é baseada em estudos mais profundos e personalizados.”

Para a GE, que é consumidora de materiais e grande fornecedora do setor, manter a distribuição intacta durante a pandemia foi essencial para a continuidade do fornecimento do setor. “Nosso objetivo é garantir que os relacionamentos sejam mantidos e que os contratos de longo prazo com fornecedores para todos os materiais não sejam afetados, mantendo nossas capacidades de fabricação e compra aumentadas. O que pedimos foi uma previsão para as empresas, para que o relacionamento fosse mantido nesse momento difícil”.

Embora os fornecedores enfrentem várias desvantagens, eles concordam que encontrar mão de obra qualificada suficiente é o maior obstáculo a ser superado. De acordo com a pesquisa de Oliver Wylman com a indústria, mais de 80% dos entrevistados na região da América do Norte ainda esperam que os preços e custos com mão de obra aumentem em pelo menos 4% até 2023.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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