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“A Lufthansa é como um viciado em cocaína buscando auxílio estatal”, diz O’Leary

Michael O’Leary, CEO da low-cost Ryanair, é um dos caras mais controversos da aviação – e também um dos mais divertidos de se escutar. Embora polêmico, ele tem suas pitadas de razão em vários momentos, sendo a mais recente relacionada com os auxílios estatais às empresas aéreas europeias.

Como você pode ver acima (já posicionado no momento em que ele fala da Lufthansa), O’Leary deu uma entrevista à Sky News, falando de como sua empresa está lidando com a parada brusca da aviação e como ele vê os acordos que empresas como Lufthansa e Virgin Atlantic estão propondo a seus governos, bem como a forma como os governos estão lidando com isso.

Ele começa falando sobre os reembolsos.

Recentemente, sua empresa foi acusada de não estar dando atenção necessária aos reembolsos de clientes devido aos voos cancelados. No entanto, ele argumenta que as pessoas não entendem o tamanho do problema. Segundo ele, a empresa tem um total de 10 milhões de reembolsos para processar, enquanto que num mês normal são processados cerca de 10.000 e que não adianta as pessoas reclamarem, elas precisam entender que levarão meses até que tudo esteja novamente no lugar.

Depois, ele comentou sobre os assentos do meio.

Bem, como citamos aqui, muitas empresas estão propondo operar com os assentos do meio vazios, medida sobre a qual O’Leary é totalmente contra. Sobre isso, ele afirmou que, se os assentos do meio precisarem ser bloqueados nos aviões o governo vai ter que ajudar.

Segundo ele, o bloqueio dos assentos não oferece nenhuma segurança a mais em termos de distanciamento social, já que você ainda está próximo dos outros, além de ainda precisar chegar ao aeroporto em trens, passar por check-in, free-shop, áreas de embarque. Segundo ele, se os governos querem forçar as companhias aéreas a bloquear assentos intermediários, devem pagar por eles já que, para a maioria das companhias aéreas da Europa, as margens de lucro são de 4-5% e os fatores de carga são de 85%, portanto, voar com um fator de carga de 60% não é sustentável

E, então, coloca a cereja no bolo

Quando o jornalista pergunta se a Lufthansa deveria receber auxílio estatal, O’Leary rebate na hora: “Não”.

E continua:

“A Lufthansa é como um viciado em crack e cocaína em busca de auxílio estatal. Eles já estão recebendo grande apoio da folha de pagamento do governo. Para que mais auxílio estatal? No momento, não temos muitos outros custos, porque estamos todos parados. Eles veem isso como uma oportunidade de obter uma enorme quantia de dinheiro para que possam comprar todos quando tudo estiver voltando ao normal”.

Antes de finalizar, ele também falou sobre a Virgin Atlantic:

“A Virgin Atlantic é ridícula. Esta é a segunda vez que Branson tenta forçar o contribuinte britânico a pedir auxílio estatal. Ele tentou isso com Flybe. Agora com a Virgin Atlantic, de propriedade da Delta e de um bilionário não residente das ilhas do Caribe (se referindo ao próprio Branson). Francamente, se ele está preocupado com a Virgin, ele mesmo deve assinar o cheque”.

O’Leary é polêmico, mas sempre tem sua boa parcela de verdades.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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