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Com a parada das operações aéreas como medida para combater a propagação do novo coronavírus, milhares de aeronaves estão ainda no chão, mas alguém ainda segue voando frequentemente o gigante A380.
Imagens de dezenas de aeronaves paradas em aeroportos, centros de manutenção e outros locais destinados ao armazenamento de aeronaves se tornaram comuns na mídia global.
Dados do portal de análise Cirium apontavam, na última segunda-feira (11/05), cerca de 16.000 aeronaves comerciais em solo, pouco abaixo de 61% da frota mundial. Número muito próximo do divulgado pelo mesmo portal na semana passada (04/05).
Estão paradas aeronaves de todos os tipos, desde widebodies e narrowbodies até jatos regionais. E aeronaves como o Boeing 747 e o Airbus A380 não poderiam ser exceções, inclusive não faltando declarações sobre o futuro incerto dessas aeronaves no pós-crise.
Especialmente no caso das operadoras do A380, apesar de planos prévios que já indicavam retirada gradual do modelo em breve, suas aeronaves têm sido armazenadas com todos os cuidados, aguardando a volta à normalidade das operações para definição do que deverá ser realmente feito com relação ao futuro das operações com o modelo.
Dados da Airbus indicavam, em 30 de abril deste ano, 240 unidades do A380 em status de frota, ou seja, operacionais, de um total de 242 aeronaves entregues até a mesma data. Isso porque, apesar de muitos dos 240 estarem com os dias contados, apenas dois já foram efetivamente desmontados (antes mesmo da atual crise aérea).
Apesar de todas essas unidades produzidas e operacionais, a China Southern Airlines, que possui uma frota de cinco A380, seria até a data de ontem, 11 de maio, a única Companhia a realizar voos frequentes com o Superjumbo, para destinos na Europa, EUA e Austrália, segundo divulgado no portal The Points Guy de acordo com sites de rastreamento de voo.
Mas se não há demanda de passageiros, por que usar o A380?
Também segundo o The Points Guy, a situação é bem peculiar, uma vez que este operador chinês lutava, já antes da crise, para tornar a operação com seus A380 viáveis financeiramente.
Imagina-se que estes voos sejam destinados mais para transporte de carga do que de passageiros, uma vez que a China proibiu a entrada de estrangeiros no país, por conta da pandemia de coronavírus.
Voos com destino a Los Angeles (EUA) foram relatados com primeira classe praticamente vazia. Voos partindo de Guangzhou, a base da Companhia, para destinos como Amsterdã, Vancouver, Sydney e Londres, na avaliação do The Points Guy, são destinos bizarros para o transporte de passageiros, uma vez que a Empresa possui aeronaves de longo alcance de menor porte, com menor custo operacional.
Mesmo em se tratando de transporte de carga de porão, o A380 ficaria em desvantagem perante o Boeing 777, que possui mais espaço do que o Superjumbo para acomodação de carga no porão, por ser o gigante da Airbus um projeto maximizado para o transporte de passageiros.
Então, qual a vantagem do uso do A380?
Medidas foram adotadas em todo o planeta para permitir o transporte de carga na parte destinada a passageiros, de maneira segura, enquanto durar a crise atual. Ação extremamente necessária, devido à escassez de aeronaves exclusivamente de carga para atender à demanda provocada pelo combate à pandemia no planeta.
Assim, como a maior parte dos voos é realizada para transportar carga dentro da cabine de passageiros, o A380 passa a ter uma vantagem sobre os demais, que é seu espaço de cabine muito maior.
Grande parte da carga atualmente transportada é constituída por itens que não têm de ser, necessariamente, armazenados no porão. Muitas vezes são leves e acomodados em caixas, que podem ser transportadas nos assentos de passageiros.
Assim, de acordo com dados obtidos hoje (12/05) no Flightradar24, confirma-se nos últimos sete dias uma regularidade na operação de quatro A380 da China Southern, registrados com os prefixos chineses B-6136, B-6137, B-6138 e B-6140.
As quatro aeronaves têm, desde o dia 6 até hoje, 12 de maio, realizado voos para destinos diversos nos EUA, Europa e Austrália.
A380 de matrícula B-3163
Na imagem abaixo, a aeronave em maior atividade nos últimos sete dias, matrícula B-3136, realizou voos de Guangzhou para Londres e para Los Angeles. No total foram quatro voos (uma ida e uma volta para cada destino) realizados no período de 6 a 10 de maio por esta aeronave.
A380 de matrícula B-6138
Ainda segundo dados do Flightradar24, o A380 de matrícula B-6138 possui, nos últimos sete dias, registro de três voos. O mais recente, na data de hoje (12 de maio), decolou de Guangzhou para Vancouver no Canadá, tendo voado antes para Sydney, na Austrália.
A380s de matrículas B-6137 e B-6140
No FlightRadar24 também foi possível obter dados de realização de voos pela aeronave prefixo B-6137, com registro de operação nos dias 7 e 8 de maio, entre Guangzhou e Amsterdã, bem como a operação da aeronave de matrícula B-6140, que voou nos dias 5 e 6 de maio entre Guangzhou e Vancouver.
Assim, conforme as informações acima, foram realizados pelas quatro aeronaves, entre os dias 6 e 12 de maio, 11 voos intercontinentais.
Diante de tal movimentação, parece bem provável que nas próximas semanas o Superjumbo continue a cruzar os continentes nas cores da Empresa chinesa.
Fato raro, quem diria, nos dias atuais.
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