‘Acho absurdo entrar no avião e tomar refrigerante e comer amendoim’, diz novo dono da ITA

Uma nova Itapemirim Transportes Aéreos, ou ITA, pode estar para surgir, com planos de incorporar muitas das características da antiga empresa aérea. A ideia é também manter o nome, apesar de estar com a imagem afetada pelo conjunto de problemas. As declarações foram dadas pelo novo sócio da empresa.

Foto por Renato Spotter

A fase anterior da empresa, que fez o que no mercado de aviação é jocosamente chamado de “voo de galinha”, tendo durado menos de seis meses e apresentado inúmeros problemas, incluindo de malha aérea, cancelamentos e inadimplementos, agora tem um novo dono, que promete fazer tudo novo, mas seguindo a receita antiga.

Em entrevista ao jornalista Alexandre Saconi, do blogue Todos a Bordo, do UOL, o empresário Galeb Baufaker Júnior, conhecido no meio político e que tem um histórico com a Polícia Federal, deu novas pistas do que pensa para a empresa aérea, que está adquirindo de Sidnei Piva.

Galeb afirma que a “empresa começou redonda e vai voltar redonda”, dando destaque para manter a mesma equipe de gestão e estrutura de pessoal de antes. Para ele, os problemas financeiros estarão superados em breve, já que ele espera investir R$400 milhões no negócio, sendo que quase metade disso seria usado para pegar as dívidas da empresa com fornecedores, funcionários e clientes.

Mudanças nos voos

Galeb comenta que a política de preço da empresa deve ser a mesma de antes, com tarifas dentro da média do mercado, mas sem contar com um dos seus diferenciais que “exclusivos”: o despacho gratuito de bagagem. Para ele, a cobrança será feita, mas com valores abaixo do mercado.

Outra medida para aumentar a sustentabilidade da empresa é mudar a configuração dos aviões de 162 assentos, no Airbus A320ceo, para 174, igual a da Azul, por exemplo.

“Queremos reduzir nossa margem de lucro e aumentar o conforto do passageiro. Acho um absurdo entrar no avião e só tomar refrigerante e comer amendoim. A gente tem de ter carinho”, afirma o empresário que diz que tentará ter café da manhã, almoço e jantar inclusos nos seus voos, algo bem longe da realidade atual da aviação doméstica no Brasil e no exterior.

Um ponto que pode favorecer a Itapemirim é que as empresas de leasing aeronáutico, que já estavam mais propensas a negociar bons acordos por causa da pandemia, agora podem abrir ainda mais a mão após a guerra da Ucrânia, que tem causado uma nova crise no setor, com prejuízo bilionário para os lessores, e aumento no número de aviões disponíveis.

Por outro lado, a empresa planeja retomar as operações em cinco meses com cinco aviões, sendo o A320ceo, modelo da geração anterior a aeronave escolhida. Tal modelo consome mais combustível do que o A320neo das concorrentes Azul e LATAM.

Desta maneira, a ITA planeja entrar numa nova fase, mas ainda com um toque da empresa antiga. Os maiores desafios da empresa no entanto, ainda estão por vir, que são a reconquista do seu Certificado de Operador Aéreo (COA), suspenso pela ANAC até que todos os clientes sejam reembolsados; e também a retomada da credibilidade da empresa, grandemente afetada após tantos problemas e descumprimentos contratuais.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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