Ações da Gol e Azul derretem na Bolsa com resultados ruins e futuro incerto

Nos últimos cinco dias, as ações das empresas aéreas Azul (BVMF: AZUL4) e da Gol (BVMF: GOLL4), negociadas na Bolsa de Valores (B3), já derreteram 19% e 16%, respectivamente. Os dados são da B3, obtidos no início da tarde desta quinta-feira, 10 de novembro.

Dentre os principais fatores que levam ao mau desempenho dos papéis estão os maus resultados recentes das empresas, que ainda enfrentam os impactos da pandemia, e as incertezas sobre as linhas de custos variáveis dos balanços, incluindo as oscilações dos preços dos combustíveis e no dólar.

A falta de boas perspectivas para a inflação e a capacidade de pagamento das pessoas, diante de um cenário externo igualmente desafiador, também são fatores decisivos para o “descrédito” em bons resultados das empresas aéreas nos próximos meses.

Como o AEROIN informou nas últimas semanas, a Azul perdeu R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre deste ano, a Gol perdeu R$ 1,5 bilhão e a Latam outro R$ 1,5 bilhão, embora esta última considere o resultado geral consolidado do grupo em toda a América do Sul. Esses prejuízos se somam a outros bilhões já perdidos desde o começo do ano e, antes, durante toda a pandemia.

As companhias tentam ver o “copo meio cheio” e reportam receitas recorde, mas elas não têm sido suficientes para cobrir os custos, sobretudo financeiros. No fim, receita dá esperança, mas o que conta de verdade é lucro ou prejuízo. Empresa sem lucro, por sua vez, não se sustenta e precisa receber aportes a todo momento, além de não gerar retorno ao acionista (e quem investe quer retorno).

Além dos resultados já apurados, o cenário político também gera insegurança aos investidores. Uma das principais lacunas é a falta de uma sinalização ou indicação calara do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, sobre quem vai liderar a pasta de Economia em seu governo. Também não se sabe ainda se haverá alguma mudança nas políticas de preços de combustíveis da Petrobras.

A incerteza sobre importante área resulta em rumores e isso não agrada aos investidores, que fogem das ações historicamente voláteis.

De fato, o cenário segue muito desafiador para as empresas e o mercado sabe disso, concluindo que vender as ações é a melhor opção para o momento. Nota: a Latam Airlines não tem papéis negociados na bolsa brasileira.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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