O que aconteceu com os jumbos Boeing 747 da Alitalia?

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Por muito tempo, eles foram a máquina usada pela empresa nacional italiana nas ligações com o Brasil. Alguns deles ostentaram emblemáticas pinturas, que são lembradas até hoje por entusiastas. Veja que fim levaram os Boeing 747 da Alitalia.

Foto de contri, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Enquanto a geração atual de administradores do grupo ainda batalha para tirar a empresa da corda-bamba, resolvemos dar uma olhada no que aconteceu lá no passado, com sua histórica aeronave Boeing 747, da qual operou 19 unidades.

O começo do modelo no grupo foi no início dos anos 1970, quando a Alitalia possuía duas versões do 747 ao mesmo tempo, quase todas recebidas direto da Boeing (exceto uma); eram as séries 100 e 200. 

Naquele momento, o foco principal foi na série 200, que possuía um maior peso máximo de decolagem e um motor mais potente, dando-lhe vantagem em alcance e tornando-o o mais adequado para voos de longo curso. 

Depois de muita história, tendo levado até o Papal, sua troca foi totalmente concluída em 2003, em meio a uma das muitas crises por que passou a Alitalia e que viu nas aeronaves mais modernas uma forma de rentabilizar melhor o negócio.

Boeing 747-100

Entre maio e julho de 1970, a Alitalia recebeu dois jumbos da série 100, de prefixos I-DEMA e I-DEME diretamente da Boeing.

O primeiro (I-DEMA) foi batizado de Neil Armstrong e voou com a companhia aérea por mais de 11 anos antes de ser entregue a um locador, que depois lhe repassou à Hawaii Express. Segundo a base de dados do Planespotters, ela foi parte de várias frotas depois disso, mas seu destino final foi com a TWA que a adquiriu em 1996. Quando a TWA cessou as operações, em 2001, a aeronave foi descartada.

Já o segundo 747-100 (I-DEME) foi entregue à SAS em 1982. O último operador registrado da aeronave é a Continental Airlines, que a voou até 1995 e, depois disso, descartou-a.

Alitalia Boeing B-747-143 I-DEMA

A série 200 na Alitalia

A Alitalia começou a adquirir seus 747-200 em 1971, um ano depois da chegada do primeiro da série 100, e continuou recebendo unidades até 1987, totalizando 17 aviões, dos quais:

– 5 foram sucateados pela própria Alitalia;
– 4 foram repassados a empresas cargueiras;
– 5 foram devolvidos para a Boeing, que os repassou;
– 2 ainda voaram passageiros por outras aéreas; e
– Apenas UM ainda está ativo.

Os 5 sucateados pela Alitalia foram inicialmente armazenados para um possível uso futuro, que nunca aconteceu. A italiana os aposentou completamente em 2003 e as aeronaves foram então demolidas em Kinston, na Carolina do Norte. São eles:

I-DEMY – fabricado em 1978, operou antes na Lufthansa e foi para a Alitalia em 1990;

I-DEMG, I-DEML, I-DEMN, e I-DEMP – chegaram na Itália em 1981, direto da fábrica.

Outros 4 jatos foram repassados da Aliatalia para empresas cargueiras e constam com status de armazenadas até hoje (embora a chance de voltarem a voar seja remota). Quando voavam com passageiros, tinham os seguintes registros na Alitalia:

I-DEMC – chegou à Roma em 1982. Em 1994 virou cargueiro na Alitalia e, em 2004 foi repassado. Armazenado pela Southern Air desde 2010;

I-DEMD – voou na Alitalia desde 1980 a 1995. Armazenado com a Atlas Air desde 2008;

I-DEMF – Ficou na Itália de 1980 a 2000. Em 1997 recebeu uma bonita pintura em parceria com a marca de chocolates Baci (abaixo). Armazenado pela Atlas Air desde 2011;

I-DEMT – Voou na Itália de 1985 a 1996. Armazenado pela Atlas Air desde 2012.

Mais 5 foram devolvidos à Boeing depois que a Alitalia terminou seu uso. A fabricante usou seu braço financeiro para repassá-los a outros operadores, são eles:

I-DEMO – Operou na Itália de 1971 a 1981. A Boeing o passou para a Cargolux. Terminou a carreira no fim dos anos 1990 com a Continental;

I-DEMU – Foi da Alitalia de 1971 a 1981. Seguiu como aeronave de passageiros e foi aposentada pela Kabo Air da Nigéria em 2007;

I-DEMB – Operou na Itália de 1972 a 1980. Operou carga e passageiros até ser aposentado pela Continental Micronesia em 2001;

I-DEMS – a única exceção dessa lista, não foi repassado e acabou sucateado de imediato pela Boeing. Foi da Alitalia de 1983 a 2002 e, em meados dos anos 1990, foi pintado com o relógio da Bvulgari.

I-DEMV – voou na italiana de 1995 a 2003 e depois fez carreira com outras companhias até ser descartado pela Air Atlanta Icelandic em 2006.

Foto promocional da época – pintura do relógio Bvlgari

Outros dois exemplares foram repassados direto da Alitalia a outros operadores. Eles tiveram as matrículas:

I-DEMW – chamado Spoleto, esteve ativo com a Alitalia por 10 anos, de 1986 a 1996. Depois, foi entregue à Atlas Air como uma aeronave de carga. A última a voá-la foi a Southern Air que depois descartou-a em 2012.

I-DEMX – Ele foi adquirido da Lufthansa em 1992 para uma curta operação de dois anos antes de ser devolvido, em 1994, já como cargueiro. Terminou a carreira na Evergreen International em 2012.

Finalmente, essa lista tem um sobrevivente, que está ativo até hoje, embora não voe desde o começo de 2020.

Ele é o I-DEMR, que voou na Alitalia de 1981 a 2004 como um cargueiro puro (o mesmo que ilustra a foto abaixo). Em total condição de voo, consta como ativo na frota da Oscar Jet de Moldova, onde tem o prefixo ER-BAR.

I-DEMR (Alitalia Cargo System)

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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