Uma companhia aérea de fretamentos da Romênia é a mais nova autorizada a voar para o Brasil, mas sua história recente é polêmica.
Fundada em 2020 em Bucareste, na Romênia, a Legend Airlines é uma pequena empresa aérea de fretamentos que se aproveitou do momento da pandemia do coronavírus, com várias aeronaves disponíveis para aluguel e venda, para se estabelecer.
Utilizando exclusivamente de aeronaves Airbus A340-300, que foram uma das primeiras a serem paradas durante a crise do Covid-19 pelo custo maior de operação, a empresa conta com três aeronaves e em breve receberá uma quarta, de maior porte, o A340-600.
No início deste mês de dezembro de 2024, a empresa romena abriu um processo administrativo na ANAC para poder operar voos não regulares no Brasil. O trâmite obrigatório se trata de uma espécie de cadastro e recertificação de documentos, lista de aeronaves e tipo de operação que a empresa explora, a fim de facilitar os futuros voos ao país.
Após a análise técnica dos documentos, a empresa recebeu nesta semana o aval para poder voar ao Brasil. Isto não significa que a empresa voará de imediato, mas que sim ao menos até o final do próximo ano, bastando informar os horários e dados do voo para voar ao país.
Sua frota é composta pelos aviões Airbus A340-300 de matrículas YR-LRC, YR-LRD e YR-LRE. Dados das plataformas de rastreamento online de voos mostram que -LRE está em Roma, Itália, sem voar desde 26 de novembro, e o -LRD está parado em Fujairah, Emirados Árabes Unidos, desde 1º e dezembro. O -LRC também estava parada em Fujairah, desde 10 de setembro, mas voou para Dubai na última quinta-feira, 12 de dezembro.
Segundo o site da Legend, os três aviões possuem configuração de classe única com 324 assentos.
Histórico não muito positivo
O voo mais conhecido desta companhia não se deu por algo positivo, pelo contrário. No final de 2023, um dos A340-300 da companhia parou num remoto aeroporto francês próximo à capital Paris, no que seria apenas uma escala de reabastecimento numa viagem dos Emirados Árabes Unidos para Nicarágua, na América Central.
A rota era totalmente estranha, considerando a imensa distância entre os dois pequenos países, e principalmente, que a Nicarágua é extremamente pobre, sem atrações turísticas conhecidas e que só tem praticamente um aeroporto, que não tem voos para fora da América do Norte e Central.
Uma abordagem foi feita na aeronave e foram descobertos que os mais de 200 passageiros eram todos da Índia, deixando ainda mais suspeita a situação e forçando o fechamento do pequeno aeroporto parisiense por alguns dias.
Após uma investigação e entrevistas com os passageiros, foi detectado que a Legend Airlines foi a única aérea a aceitar levar os indianos até a Nicarágua, já que de lá eles iriam a pé até a fronteira do México com os EUA, tentando entrar pelo estado americano do Texas.
A escolha por uma empresa de fretamento e por um aeroporto pequeno não foi à toa: os “coiotes” queriam que os seus “clientes” não fossem pegos pelas autoridades e nem chamassem a atenção.
Diante da situação e pelo fato dos contratantes do voo serem traficantes de pessoas, a França decidiu que o avião só poderia decolar rumo a um destino: a Índia. Desta maneira, os potenciais imigrantes não se tornariam vítimas do tráfico de pessoas, e a empresa seria proibida de fazer escala na França em voos de fretamento.
Após a exposição da situação pela mídia, os voos fretados da Ásia para a América Central, tanto pela Legend Airlines (que já tinha feito ao menos dois voos antes) e por outras empresas, cessaram.
Este tipo de voo se tornou uma opção após a Pandemia quando vários países latino-americanos (inclusive o Brasil hoje) começaram a exigir visto para o trânsito ou desembarque de passageiros africanos, ou asiáticos, exatamente porque a maioria destes viajantes mentem sobre seu propósito de viagem, e o governo americano tem pressionado todos seus vizinhos ao sul para que impeçam o processo migratório ainda na origem.