Aérea inventa desculpa para proibir passageiros de usar AirTags como rastreadores de bagagem

Novamente, a polêmica do uso de AirTags como rastreadores de bagagem vem à tona, desta vez do outro lado do mundo com a empresa aérea neo-zelandesa Air New Zealand. Há algumas semanas, a Lufthansa esteve no centro de uma polêmica parecida, quando teria pedido aos passageiros para não usarem o dispositivo. A aérea alemã, no entanto, negou a prática.

No caso da companhia aérea da Nova Zelândia, passageiros teriam sido orientados a não usar o dispositivo da Apple que envia dados de localização em tempo real, sob argumento de que isso estaria contra regras internacionais de aviação por possuir baterias de lítio.

Em seu site, a Air New Zealand coloca que “apenas rastreadores de bagagem movidos a bateria que podem ser desligados, ou seja, não estão no modo de suspensão, serão aceitos na bagagem despachada”. O ponto principal do Apple AirTag é que ele permanece ligado o tempo todo e remover a bateria do dispositivo para cumprir as regras da Air New Zealand o tornaria inútil.

A publicação Kiwi Stuff entrou em contato com a companhia aérea para esclarecimentos e um porta-voz da Air New Zealand confirmou que AirTags e dispositivos de rastreamento semelhantes, como o Tile, não eram oficialmente permitidos na bagagem despachada. A aérea explica que as baterias podem representar um risco de incêndio.

Acontece que as regras de segurança da aviação elaboradas pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) estipulam que todos os dispositivos movidos a bateria de lítio com teor de lítio não superior a 2g só são permitidos na bagagem despachada quando desligados. Mas as AirTags da Apple usam minúsculas baterias de lítio CR2032 com apenas 0,109g e acredita-se que o risco de combustão seja quase inexistente. 

De fato, depois que a Lufthansa enfrentou uma enxurrada de críticas por sua aparente proibição de Apple AirTags, a transportadora de bandeira alemã pediu esclarecimentos às Autoridades Aeronáuticas Alemãs (Luftfahrtbundesamt) que confirmaram que os dispositivos não representam risco de incêndio.

Como resultado, a Lufthansa disse que não haveria restrição ao uso de AirTags como rastreadores de bagagem – uma visão compartilhada pela maioria das outras companhias aéreas internacionais, embora as regras da ICAO não isentem oficialmente as AirTags.

Num mundo com milhares de bagagens perdidas por ano, proibir as AirTags parece um contrassenso.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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