Aérea quer convencer passageiros a pagar R$ 120 em garrafa de suco para comprar combustível sustentável

A companhia aérea europeia de baixo custo Eurowings está tentando convencer seus passageiros a desembolsar o equivalente a US$ 21 (cerca de R$ 120) por uma pequena garrafa de smoothie, como uma nova forma de subsidiar a compra de combustível de aviação sustentável (SAF).

Este vultoso valor, cobrado pelo smoothie do cardápio de bordo Wings Bistro, ocorre em meio a esforços amplos na indústria para tornar o voo mais amigo do ambiente.

Os SAFs, derivados de resíduos biológicos renováveis como óleos de cozinha usados, são muito mais ecológicos em comparação ao combustível convencional. Apesar de ainda emitirem gases de efeito estufa, seu uso em larga escala poderá reduzir drasticamente as emissões de CO₂ da indústria de aviação, colaborando para que as linhas aéreas alcancem emissões líquidas zero até 2050.

No entanto, o custo do SAF é exorbitante, especialmente nesta fase inicial de produção. Isso tem levado a uma expectativa de que os passageiros ajudem a custear investimentos em SAF.

Por exemplo, a Lufthansa, matriz da Eurowings, implementou uma sobretaxa ambiental que varia de €1 a €72, baseada no tipo de bilhete e na distância percorrida. Esta tarifa aplica-se a toda a rede de companhias aéreas do grupo, incluindo a própria Lufthansa e subsidiárias como a Austrian Airlines e a Eurowings.

A Eurowings, contudo, parece querer que seus clientes contribuam ainda mais, introduzindo o smoothie SAFt (um trocadilho com a palavra alemã para suco). A renda obtida com a venda do SAFt será destinada à compra de SAFs e a projetos ambientais, sendo que apenas 10% será investido em combustível sustentável propriamente dito.

Apesar do preço salgado, equivalente ao de smoothies ‘Instagramáveis’ populares em Los Angeles, a bebida traz o selo de qualidade alemã, feita com frutas orgânicas. A IATA estima que os SAFs representarão 65% das economias de CO₂ necessárias para que as companhias aéreas alcancem a meta net-zero até 2050, sublinhando a importância crucial deste combustível no futuro da aviação.

Por agora, os SAFs ainda são escassos, e reguladores exigem que sejam misturados com combustíveis fósseis por razões de segurança. A pesquisa continua para demonstrar que voos operados 100% com SAF são seguros.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias

Americana (SP) anuncia licitação para reforma e ampliação do Aeroporto com...

0
O investimento contemplará a elaboração do projeto executivo e a execução das obras de reforma e adequação da pista e outras áreas.