Aérea ucraniana SkyUp se reinventa após a invasão russa e dá exemplo de resiliência

Foto de Eric Salard, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Mais de seis meses se passaram desde aquele 24 de fevereiro de 2022, quando tropas russas invadiram a Ucrânia, em um ato condenado por grande parte da comunidade internacional, que trouxe como resposta sinais de solidariedade ao povo ucraniano e uma catarata de sanções caiu sobre a Rússia.

A aviação comercial ucraniana, que já havia sido profundamente atingida pela pandemia, teve que enfrentar um novo desafio. Nesse contexto, a empresa de baixo custo local SkyUp tem mostrado resiliência, mesmo sem poder operar em seu país natal, como relata um levantamento feito pelo site Aviacionline.

“O principal esforço da empresa agora está focado em apoiar a economia ucraniana e preservar empregos. Apesar das significativas dificuldades operacionais causadas pela guerra, a SkyUp mantém-se de pé e continua a funcionar”, assinalou a empresa em nota, detalhando que cerca de 80% dos colaboradores estão parcial ou totalmente empregados, num total de cerca de 1.100.

Quando a guerra começou

Nos primeiros meses da guerra, a SkyUp realizou missões humanitárias como 21 voos de evacuação na rota Chisinau – Tel Aviv, transportando 2.835 refugiados. Também transportou cerca de 112 toneladas de cargas humanitárias como remédios, comida para bebês, produtos químicos domésticos, cobertores e fraldas, entre outros. Esses itens foram distribuídos em centros de refugiados na Moldávia e em várias cidades ucranianas.

A empresa também participou da organização, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia e o Shaktar Football Club, de uma série de partidas beneficentes que arrecadaram USD 320.000 com os quais foram adquiridos 750 capacetes de proteção, 1.500 kits de primeiros socorros e outros itens necessários para soldados e cidadãos afetados pela guerra.

Como se manter viva

Um ponto-chave para a sobrevivência da SkyUp tem sido a oferta de suas aeronaves e tripulações para aluguel à comunidade internacional. Desde fevereiro foram firmados contratos de leasing com nove empresas, cinco das quais ainda estão em operação. No total, a frota da empresa realizou 4.219 voos que transportaram 619.527 passageiros para 227 destinos.

Foto de Anna Zvereva / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Como pode ser visto no banco de dados da Ch-aviation, existem três Boeing 737-800 operando para a turca Corendon Airlines, dois para húngara Wizz Air, dois para tcheca Smartwings, um para Tailwind Airlines e um para a Freebird Airlines, as duas últimas da Turquia.

Prestamos atenção especial à segurança dos voos. Em 2022, os inspetores da SAFA realizaram 22 inspeções de voos da SkyUp Airlines em vários aeroportos”, informou a companhia aérea. “O coeficiente SAFA é um sistema para avaliar o nível de segurança de voos de aeronaves estrangeiras na faixa de ‘0’ a ‘1’. Quanto mais próxima a companhia aérea estiver do indicador ‘0’, maior será o seu nível de segurança. Hoje, a classificação do indicador SAFA da SkyUp é de 0,3, o que significa um alto nível de conformidade com os padrões e garantia de segurança de voo”, seguiu.

A SkyUp também foi certificada como compatível com os padrões suíços de segurança da aviação, abrindo novas possibilidades para seus negócios.

Resultado da reinvenção

Como sinal do sucesso de sua reinvenção em tempos difíceis, em agosto a SkyUp incorporou um Boeing 737-800 (registro UR-SQM), portanto a frota atual é composta por dez aeronaves desse modelo e dois Boeing 737-700. 

Para atender suas aeronaves, a SkyUp estabeleceu uma base de manutenção de linha na cidade turca de Antalya, empregando 41 funcionários. Suas aeronaves podem operar em qualquer lugar do mundo, com exceção da Federação Russa, Bielorrússia e os territórios onde as hostilidades estão ocorrendo.

A empresa de baixo custo está atualmente planejando sua operação para as próximas temporadas de inverno e verão, buscando parcerias com operadores turísticos da Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Países Bálticos.

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Foto de Kevin Hackert, CC BY-NC 2.0, via Flickr

“Ao usar nossos aviões, eles podem ajudar centenas de ucranianos que trabalham em nosso país e suas famílias, e também fornecerão apoio adicional à Ucrânia, que atualmente luta por valores democráticos”, disse a empresa. “A SkyUp Airlines continua trabalhando e, junto com todos os ucranianos, leva o país adiante, rumo à vitória. Vamos criar uma nova história juntos. Glória à Ucrânia!”, concluiu.

Rede aérea

Até janeiro de 2022, antes da invasão russa da Ucrânia, a rede SkyUp cobria três cidades na Ucrânia (Kyev, Odessa e Lviv) e 19 cidades no exterior: Alicante, Barcelona, ​​​​Batumi, Paris-Beauvais, Dubai, Yerevan, Funchal, Istambul, Lodz, Lisboa, Madrid, Nice, Praga, Tbilisi, Larnaca, Almaty, Ras al-Khaimah, Tenerife-Reina Sofia e Tel Aviv.

Segundo dados obtidos pela Aviacionline através da Cirium, a SkyUp tinha uma oferta semanal de 17.766 lugares em 94 operações semanais. Isso representava 79% da capacidade oferecida em janeiro de 2020. Em 2021, a low-cost transportou 2.546.899 passageiros e 786,5 toneladas de carga em 15.962 voos. 

Para a temporada de verão de 2022, a SkyUp planejava lançar mais de 50 novas rotas para chegar a 31 cidades, se a guerra acabar até lá. Se não for esse o caso, restará à empresa seguir buscando por contratos com operadores da Europa.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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