
As principais companhias aéreas da Europa se uniram em um coro de preocupação, alegando que as metas de uso de combustível sustentável de aviação (SAF) estabelecidas pela Comissão Europeia para 2030 são inatingíveis, considerando os níveis de produção atuais.
Durante a Cúpula de Aviação da A4E, realizada em 27 de março, os líderes do setor reafirmaram seu compromisso com a meta de neutralidade de carbono até 2050, mas expressaram ceticismo em relação à meta intermediária de 6% de uso de SAF até 2030, prevista na legislação ReFuelEU.
Michael O’Leary, CEO do grupo Ryanair, destacou a dificuldade de cumprir essa meta, afirmando que o feedback recebido dos produtores de petróleo indica que não haverá oferta suficiente de SAF até 2030 para atender à demanda exigida. “Não queremos abandonar esses compromissos, mas está claro que eles terão que ser adiados”, disse O’Leary.
Os líderes das companhias aéreas apoiaram suas alegações com base em um novo relatório da Boston Consulting, que prevê uma queda de até 45% na oferta de eSAF e uma redução de 30% na oferta de biocombustíveis até 2030.
A resposta da Comissão Europeia não tardou a chegar, com representantes afirmando que consideram as atuais metas de SAF realistas e viáveis. Apostolos Tzitzikostas, o novo Comissário Europeu de Transporte, esteve presente no evento em Bruxelas e recebeu uma resposta geralmente positiva dos membros da A4E por sua disposição em colaborar com a indústria aérea, embora não tenha abordado diretamente a possibilidade de escassez de SAF.
No entanto, Tzitzikostas sugeriu que poderia haver mais “medidas coercitivas” no futuro, fazendo referência à metáfora do “carro e o bastão” para incentivar a produção de SAF. Nesse contexto, a A4E ressaltou a responsabilidade da Comissão Europeia e dos Estados membros, afirmando que “os fornecedores de combustível não estão cumprindo com suas obrigações”.
Esse embate entre as companhias aéreas e a Comissão Europeia sublinha os desafios enfrentados pela indústria da aviação na transição para combustíveis mais sustentáveis e a necessidade de um plano colaborativo que una esforços do setor privado e regulamentações governamentais.