Aéreas mexicanas rejeitam ideia de estrangeiras fazerem voos domésticos em seu país

As maiores companhias aéreas do México e a Câmara Nacional de Aerotransporte (CANAERO) se manifestaram contra a possibilidade de operadoras estrangeiras realizarem voos de doméstico. “Não há medo da concorrência, mas há medo de entregar o espaço aéreo mexicano a estrangeiros“, disse a instituição.

Em dezembro passado, o presidente Andrés Manuel López Obrador enviou ao Congresso uma iniciativa para modificar o atual regulamento e aprovar a mudança, lembrou o site Aviacionline.

Em um comunicado de imprensa publicado na segunda-feira passada, a CANAERO disse que a iniciativa que visa reformar a Lei de Aviação Civil e a Lei Aeroportuária para permitir que companhias aéreas não mexicanas operem voos com partida e chegada em aeroportos do país representa uma “ameaça”.

Eles explicaram que a medida produziria o “enfraquecimento financeiro das companhias aéreas mexicanas” e, consequentemente, o “risco de perder participação no mercado nacional” para as empresas estrangeiras. “Se as companhias aéreas do México perderem rotas de alto volume, elas desconectarão destinos menos atraentes, deixando várias regiões cortadas”, diz o texto.

Segundo a instituição, a iniciativa (que já foi encaminhada às comissões de Comunicações e Transportes, Economia e Infraestrutura da Câmara dos Deputados) “causaria aumento de passagens para usuários, desligaria cidades e geraria desemprego”. Além disso, afetaria a arrecadação de impostos.

A esse respeito, a CANAERO observou que, se quiserem reduzir os preços das passagens aéreas, as autoridades devem trabalhar para reduzir as taxas aeroportuárias e outras taxas que encarecem seu valor.

A instituição sustenta que a modificação não tem respaldo legal, já que não foram realizados estudos ou análises de experiências semelhantes em outros países. Por outro lado, aponta que o processo não contou com a participação de especialistas nem incluiu, até o momento, consultas aos stakeholders do setor.

“As companhias aéreas estrangeiras não são inimigas; pelo contrário, aumentaram a concorrência e prova disso é que quase 70% delas estão presentes nos principais destinos do nosso país”, assegurou CANAERO.

A Aeroméxico manifestou-se de acordo com a posição da CANAERO. A empresa sustentou que os legisladores devem rejeitar a modificação e focar em promover as mudanças necessárias para que o país volte a receber a segurança Categoria 1 da Federal Aviation Administration (FAA) dos Estados Unidos.

O regulador dos EUA rebaixou a categoria do México em maio de 2021, o que foi um grave revés para os negócios de aviação do país. As operadoras de países da categoria 2 podem continuar a voar para os Estados Unidos se já o faziam antes da mudança de nível. No entanto, não conseguem expandir seus serviços e firmar acordos de codeshare com empresas norte-americanas.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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