Aeroflot detalha a Putin planos para encomendar 323 aviões, todos eles russos

Foto de Miklos Szabo, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia

Como antecipado em junho, a empresa aérea russa Aeroflot, que tem a maior parte do seu capital nas mãos do governo local, voltou a falar sobre a renovação de frota com mais de trezentos aviões produzidos na Rússia. Desta vez, a informação veio por meio de uma nota do Kremlin, após a reunião do diretor-geral da companhia aérea, Sergei Aleksandrovsky, com o presidente Vladimir Putin, em 26 de agosto.

O encontro, de tom maiormente político, apenas falou mais do mesmo. O objetivo, no entanto, parece ter sido focalizar nas “novas” variantes das aeronaves domésticas, que estão sendo produzidas apenas com componentes locais, como parte de um extenso programa de substituição de importações.

Desta forma, a Aeroflot disse que vai renovar a frota nos próximos anos com 323 aeronaves, sendo 210 do modelo MC-21 equipadas com motores domésticos PD-14, além de 73 Sukhoi Superjet (SSJ100) na chamada versão “substituída por importação” (SSJ-New) e 40 unidades Tu-214.

O preço médio de catálogo do MC-21 é de quase US$ 98 milhões e do SSJ100 é US$ 36 milhões. Quanto o Tu-214 não há números atualizados. Com base em tudo isso, e excluindo o Tu-214, o pacote a ser encomendado pela Aeroflot deverá ser de, pelo menos, US$ 23 bilhões.

“Este é um volume muito significativo, que nos obrigará a atrair recursos adicionais”, enfatizou Aleksandrovsky. De acordo com o dirigente, a transportadora aérea pretende contratar mais 3.500 pilotos e encomendar oito novos simuladores de voo. Ele acrescentou que a estratégia da Aeroflot já está “totalmente sincronizada com o programa de desenvolvimento da indústria da aviação até 2030”. 

Na prática, a Aeroflot tem dois caminhos para financias esse plano: ou buscar novos recursos com seu principal acionista, o governo russo, ou ir a mercado, sendo a primeira a opção mais provável, diante da enorme incerteza sobre o caixa da empresa, depois que as sanções ocidentais bateram forte na aviação russa.

Outro desafio será fazer com que as fabricantes acelerem a produção dos modelos, dos quais são produzidas apenas poucas unidades por ano, atualmente.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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