Aeroflot pede “proteção do governo” contra Emirates e Turkish Airlines

As sanções do Ocidente tem tido um efeito novo nas companhias aéreas russas: a concorrência desleal por um grupo de empresas.

Foto por Dmitry Terekhov

Desde o início da invasão da Ucrânia, a aviação da Rússia ficou impedida de negociar com o ocidente, o que impediu os voos e as operações de aeronaves fabricadas ao oeste de Moscou. O objetivo era minar a economia russa e atrapalhar o financiamento da guerra, num movimento que tem surtido efeito, já que as empresas aéreas russas têm minguado com falta de peças e demanda.

No entanto, apesar das sanções, nenhuma empresa fora do bloco de países que colocam sanções, está impedida de voar para a Rússia e isso tem incomodado a Aeroflot, maior e mais tradicional empresa aérea russa.

O CEO Sergei Alexandrovsky afirmou a um site russo que é importante que “o governo balanceie os interesses russos e os das empresas aéreas estrangeiras, porque está óbvio que agora os estrangeiros têm mais oportunidades e vantagens nestas condições“.

O ponto mais relevante está relacionado à árabe Emirates e à turca Turkish Airlines, já que seus países não colocaram sanções pesadas contra a Rússia e com isso elas podem continuar a voar para lá. Além disso, dada a posição geográfica dos Emirados Árabes e da Turquia, não precisam fazer desvios de espaços aéreos de países que são contra a Rússia para chegar em Moscou, por exemplo.

Por este mesmo motivo, a Aeroflot manteve os voos para Istambul, Ancara, Dubai, Abu Dhabi e outros destinos nestes dois países. E nesse contexto a balança está contra a Aeroflot, já que ela está suspensa da aliança internacional SkyTeam, não podendo vender bilhetes com empresas aéreas parceiras por causa das sanções.

Isso tem favorecido a Emirates, que pode, por exemplo, comercializar um bilhete de São Paulo para Moscou com escala em Dubai, ou a Turkish que pode vender uma passagem de Paris para São Petesburgo com parada em Istambul, algo não possível para qualquer companhia russa.

A própria Emirates tem aumentado sua operação para a Rússia até com o maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380, já que mantém grande prestígio internacional (no contraste com qualquer empresa russa), tem várias opções de conexões, tarifas e classes de voo.

Por serem também destinos onde os russos não precisam de vistos para entrar, a Turquia e o Oriente Médio tem tido uma demanda mais alta para o público da Rússia, favorecendo novamente as empresas estrangeiras e levando ao CEO da Aeroflot concluir que “é necessário um nível de protecionismo do estado para resguardar a aviação nacional”, como aponta a Reuters.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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