Nove anos atrasado, aeroporto de Berlim estreia com pousos simultâneos de dois A320neo

Vista aérea do BER. IMAGEM: Arne Müseler via Wikimedia Commons

No momento em que essa matéria era escrita, dois Airbus A320neo das empresas Lufthansa e easyJet orbitavam em voo sobre a região de Berlim, na preparação para o histórico momento de estreia do mais novo aeroporto da capital alemã, o Aeroporto Internacional de Berlim – Brandemburgo (BER).

De um lado, o Airbus A320 da Lufthansa especialmente batizado como “Neubrandenburg” e realizando o voo DLH-2020 vindo de Munique. Do outro, o voo EJU-3110 da emblemática companhia aérea low-cost easyJet, que ajudou a transformar a indústria da aviação na Europa. Juntas, duas potências do mercado aéreo europeu.

Provavelmente, no momento em que muitos lerem essa matéria, os aviões já terão pousado e o aeroporto, enfim, estreado, após quase uma década de atrasos, polêmicas e escândalos. E, por pouco, essa celebração de inauguração não acontece, já que, daqui a dois dias, a Alemanha colocará novos bloqueios de viagem devido à segunda onda da Covid. Foi sofrido, mas saiu.

9 anos

Problemas de construção e técnicos dificultaram a estreia do novo aeroporto da capital alemã, que deveria ser inaugurado em 2011. A construção oficial teve início em 2006. Seria uma instalação impressionante – apontada como a “mais moderna” da Europa. Mas uma série de questões técnicas atrasaram o progresso enquanto aumentavam o custo do aeroporto. A projeção original tornou-se uma subestimação grosseira. A gama completa de problemas arquitetônicos, estruturais e técnicos atingiu o auge em 2011, já próximo da abertura.

Avião customizado pela Lufthansa para a estreia (Divulgação)

No final de 2011, os inspetores de aviação encontraram um projeto de sistema de proteção contra incêndio com defeito e logo ficou claro que havia enormes problemas com os principais elementos estruturais, como tamanhos de escadas rolantes, projetos de teto e até contadores de bilhetes. A inauguração, que previa uma esplêndida exibição com a participação da chanceler alemã Angela Merkel, foi cancelada semanas antes e se transformou em um doloroso embaraço para as autoridades alemãs.

A data de inauguração foi adiada para 2014, depois para 2016. Uma Auditoria do Estado de Brandemburgo concluída em 2016 concluiu que a usabilidade do aeroporto era inferior a 57%. Os gerentes do projento, então, pararam de dar novas datas. Finalmente, quando os gastos ultrapassaram a marca de 7,3 bilhões de euros, a data foi adiada para 2020 e, dessa vez, se cumpriu.

Com sua inauguração, em 8 de novembro de 2020, o outro aeroporto, Berlin-Tegel encerrará suas operações e as empresas aéreas mudarão totalmente para o Bandemburgo. 

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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