Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, é fechado e centenas ficam desempregados

A falta de uma altitude pragmática pelos Governos Federal, Estadual e Municipal culminou ontem no fechamento do Aeroporto Carlos Prates, que está sem destino e, desde este sábado, sem voos.

O pedido de fim dos voos no Carlos Prates não era novo, sendo movimentado por um grupo de moradores que reclama do barulho das aeronaves, apesar de terem chegado ali muito depois do aeroporto. O terreno era uma grande fazenda até ser doado para a União com a finalidade exata de ser um centro de instrução de pilotos, tendo se tornado o maior do Brasil.

No entanto, o fim do aeroporto começou de fato com a portaria de 2021 da ANAC, que determinava que a União repassasse para o Governo de Minas ou de Belo Horizonte, a área do aeroporto, no plano de privatização de aeroportos da Infraero que já completa 10 anos.

Por ironia, o Carlos Prates não sofreu quase nenhuma mudança nestes 10 anos por exata ineficiência da Infraero, que sempre colocou burocracias para a abertura de novos hangares, reforma de espaços e investimento privado.

Com muitas postergações, o governo mineiro e belo-horizontino ficaram esperando o repasse da União, que foi adiado várias vezes, para então decidir o futuro do local. E este dia chegou. Ontem, no final da tarde, viaturas da Guarda Municipal de Belo Horizonte assumiram a segurança do local e a maioria dos aviões saiu do local para aeroportos da região central de Minas Gerais.

O prejuízo maior ficou para as escolas de aviação, centros de manutenção e hangares, que não podem ser facilmente transferidos e exigem nova homologação da ANAC para estabelecer-se em outros aeroportos. Também se coloca aí a falta de gestão do governo em toda suas esferas, para não dar espaço para estas empresas em aeroportos próximos, todos públicos ou públicos-privados, como Pampulha, Confins, Pará de Minas e Divinópolis.

O resultado foram as cenas da manhã deste sábado no Carlos Prates: saída de pessoal, algumas aeronaves ainda presas no aeroporto, fim de empresas e um número de desempregados que pode chegar até 500 pessoas.

A Prefeitura de Belo Horizonte, por sua vez, a responsável agora pela área, estima que serão necessários R$500 milhões para se fazer as obras necessárias na área para construção de moradias populares, parque, escolas e UPA. Acontece que, até agora, o prefeito não sabe explicar de onde virá esse dinheiro e nem quando as obras serão feitas.

E, desta maneira, se fecha mais um capítulo da aviação brasileira, que reflete o retrato do próprio Brasil: nenhuma segurança jurídica e imediatismo que fazem o país continuar a ser “anão” na aviação, apesar do seu grande tamanho.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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