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Aeroportos do Brasil têm vantagem pelo potencial de energias renováveis no país

Durante o ACI AIRPORT DAY BRASIL, que foi realizado nesta terça-feira (03/04), no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, os principais executivos da indústria de aeroportos e especialistas em aviação, meio ambiente, energia renovável e negócios apresentaram as iniciativas já em curso para a redução das emissões de carbono do setor e destacaram o potencial do Brasil nesta transição.

“A indústria aeroportuária no Brasil já iniciou o processo rumo à descarbonização, com diversas iniciativas premiadas. O Conselho Internacional de Aeroportos (ACI World) se orgulha disto e se apresenta no país como um aliado neste processo, colocando-se à disposição dos operadores e das autoridades do setor por meio de nossa experiência global e por sermos a voz dos aeroportos no mundo, representante dos interesses coletivos”, afirmou Rafael Echevarne, diretor-geral do Conselho Internacional de Aeroportos para a América Latina e Caribe (ACI-LAC). 

Recuperação

O evento contou, em sua abertura, com a presença do Secretário Nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, que celebrou o aumento do número de voos domésticos no Brasil em abril. Pela primeira vez depois do início da pandemia da Covid-19, equiparou-se ao mesmo período de 2019, com cerca de 2.000 mil voos mensais.

“É uma boa notícia. Sabemos que estamos falando de número de voos e não de passageiros, mas já é um sinal de que as coisas parecem que estão voltando à normalidade”, completou.

Depois das boas-vindas do diretor-geral do ACI-LAC, Rafael Echevarne, e do CEO da GRU Airport, Gustavo Figueiredo, o diretor-geral do ACI World, Luis Felipe de Oliveira, fez um panorama da recuperação global da aviação. Segundo ele, em todo mundo, a recuperação doméstica tem sido mais efetiva do que a internacional. E a região da América Latina e Caribe tem sido a que mais rápido se recupera dos impactos da Covid-19.

Potencial de energia renovável

Imagem: ACI-LAC

Os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) foram apontados como a solução mais imediata para a descarbonização, uma vez que, atualmente, existem diversas tecnologias diferentes para produzi-lo já disponíveis ou em processo de desenvolvimento. Segundo Rafael Rabello, diretor comercial de energia da Raízen, os SAFs ainda cumprem, no entanto, um papel complementar nos portfólios de transição energética.

“O grande desafio dos SAFs é a capacidade de atender à demanda da indústria. Além disso, ainda é preciso equacionar as questões de  infraestrutura e distribuição, que se relacionam com os aeroportos, como misturar o blend, como transportar e armazenar, a logística de produzir perto da região de consumo. Além, é claro, dos aspectos de suporte regulatório”, enfatizou.

Sobre o manejo do blend de SAF, Alex Glock, vice-presidente de vendas para as Américas de MHIRJ, destacou que “não se deve misturar SAF nos aeroportos, que os blends devem chegar prontos para garantir, inclusive, o controle de qualidade, que deve ser feito por meio da Agência Nacional de Petróleo (ANP)”.

Gilberto Peralta, presidente da Airbus, lembrou que os novos modelos de aeronave da empresa já saem de fábrica prontos para voar com o blend de combustível com 50% de SAF e que espera que, até 2028, a Airbus possa estar produzindo aviões prontos para voar com 100% de autorização para SAF.

“O futuro da aviação não é o SAF, esse é um caminho intermediário. A solução para a aviação é o hidrogênio. A tecnologia para o motor a hidrogênio já existe, mas ainda não há como armazenar este combustível, o que não garante autonomia suficiente para voos comerciais”, ressaltou.

A capacidade do Brasil tornar-se uma referência mundial na produção de SAF também foi destacada pelos participantes do ACI AIRPORT DAY BRASIL, pela possibilidade produção de diversas matérias-primas no país. Segundo eles, o Brasil também está em situação de vantagem por conta de seu potencial de outras fontes de energia renovável.

Compromisso setorial global de descarbonização e as iniciativas premiadas de aeroportos brasileiros

A diretora de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Assuntos Legais do ACI World, Juliana Scavuzzi, apresentou pela primeira vez em um evento presencial no Brasil os detalhes do compromisso assumido pelo ACI, em colaboração com seus membros aeroportuários, de redução absoluta das emissões de carbono sob o controle direto dos operadores de aeroportos até 2050, meta alinhada ao Acordo de Paris e às recomendações de cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.

No percurso rumo à meta de emissões líquidas zero, os operadores aeroportuários membros do ACI continuam tendo acesso ao Programa Airport Carbon Accreditation (ACA), o único programa global de certificação para o gerenciamento de carbono aprovado para aeroportos de todos os tamanhos. O programa reconhece que os aeroportos estão em diferentes estágios da jornada por meio de 6 níveis de certificação”, explicou Scavuzzi.

Tráfico Ilegal de Vida Silvestre

O vice-presidente e diretor de operações da Inframerica no Brasil, Juan Djedjeian, falou sobre a experiência do Aeroporto Internacional de Brasília na fiscalização do tráfico ilegal de plantas e animais silvestres. O aeroporto é o único no Brasil signatário da Declaração do Palácio de Buckingham, parte de uma campanha liderada pela ONG Unidos pela Vida Selvagem (United for Wildlife), criada em 2014 pelo Príncipe William, com o objetivo de envolver aeroportos, empresas de transporte marítimo, companhias aéreas e agências governamentais no combate ao tráfico de vida selvagem.

Segundo Djedjeian, parte do sucesso do combate ao tráfico ilegal de vida silvestre é envolver a comunidade do aeroporto na resposta ao problema.

Gestão de resíduos nos aeroportos

O programa que reduziu a zero o descarte de resíduos sólidos e garantiu ao Salvador Bahia Airport o reconhecimento Green Airport Recognition pelo ACI-LAC em 2021 foi o tema da apresentação de seu diretor-presidente, Julio Ribas.

O Salvador Bahia Airport, operado pela VINCI Airports, é uma referência em sustentabilidade no país, reconhecido pela Anac por 3 anos consecutivos como o aeroporto mais sustentável do Brasil (categoria +5 milhões de passageiros/ano). É também reconhecido pelo programa Zero Efluente, que permitiu que 100% da água tratada na estação própria de efluentes passasse a ser reaproveitada em usos não nobres e certificado pelo Programa Airport Carbon Accreditation do ACI.

Informações do ACI-LAC

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