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Agência de classificação de risco Moody’s eleva o rating corporativo da LATAM Airlines

A agência de classificação de risco Moody’s atualizou nesta semana o rating corporativo do LATAM Airlines Group SA (LATAM) de B2 para B1. Também foi elevado o rating do empréstimo sênior garantido, no valor de US$ 1,1 bilhão, com vencimento em 2027, além das notas seniores com garantia de US$ 1,15 bilhão, coemitidas pela LATAM e pela Professional Airline Services, Inc., subsidiária integral da LATAM.

A perspectiva para a empresa permanece estável. De acordo com a Moody’s, a decisão de elevar o rating da LATAM de B2 para B1 reflete o desempenho operacional e financeiro da empresa, que superou as expectativas em 2023, resultando em uma melhora nas métricas de crédito e liquidez.

A alavancagem ajustada pela Moody’s caiu para 3,2x nos últimos 12 meses até junho deste ano, em comparação com 6,1x no final de 2022, e a empresa gerou um fluxo de caixa livre de US$ 352 milhões no primeiro semestre.

Para a Moody’s, a perspectiva para a LATAM é positiva, com previsão de que a alavancagem da companhia permaneça entre 2,5-3,0x e que sua posição de caixa atinja entre 15%-20% das receitas nos próximos dois anos. Isso garantirá proteção para a qualidade de crédito da empresa mesmo em cenários de estresse.

A agência também destaca as melhorias sustentáveis ​​nas estruturas de custos e de capital da LATAM como fatores que contribuíram para o desempenho operacional e financeiro positivo. A classificação B1 da LATAM reflete sua posição de liderança nos mercados domésticos em que opera, além da conectividade superior de rede na América Latina. A empresa possui um portfólio diversificado de negócios, incluindo serviços de transporte e alianças estratégicas.

A classificação também é favorecida pelas melhorias nas estruturas de capital e custos após o processo de Chapter 11 da empresa e pela adequada posição de liquidez, que permitirá que a LATAM se recupere em um ambiente volátil do setor.

No entanto, a agência de classificação de risco alerta para a exposição aos crescentes riscos macroeconômicos e custos em alta. A empresa enfrenta o desafio de lidar com custos mais elevados, especialmente relacionados à mão de obra e ao combustível, o que pode afetar sua rentabilidade. Ainda assim, a procura por viagens aéreas tem se mantido forte, mesmo em um contexto de crescimento econômico estagnado e renda disponível declinante.

A LATAM apresentou um desempenho operacional melhor do que o esperado no primeiro semestre de 2023, com sua margem EBIT ajustada pela Moody’s aumentando para 10%, em comparação com 7,5% em 2019.

A empresa se beneficiou de melhorias no custo de base e de uma abordagem disciplinada em relação à capacidade e às tarifas aéreas, em um ambiente de concorrência acirrada no mercado latino-americano. Além disso, a LATAM conseguiu reduzir em cerca de 40% os custos anuais de frota após a renegociação de mais de 1.000 contratos.

O extraordinário desempenho do setor aéreo regional contribuiu para a recuperação da procura por viagens aéreas, com a LATAM atingindo 96% do nível pré-pandemia em agosto. Os mercados domésticos do Brasil e dos países de língua espanhola apresentaram um desempenho ainda melhor, com RPKs em 110% e 92% do nível de 2019, respectivamente, enquanto os RPKs internacionais ficaram em 88%.

A empresa possui uma boa posição de liquidez, com US$ 1,7 bilhão em caixa e dívidas de curto prazo no valor de US$ 1,5 bilhão com vencimento até o final de 2024. A LATAM também conta com linhas de crédito rotativo garantidas não utilizadas no valor de US$ 1,1 bilhão e gerou um fluxo de caixa livre de US$ 352 milhões no primeiro semestre. A agência prevê que a LATAM gere cerca de US$ 1,7 bilhão em fluxo de caixa anualmente, o suficiente para cobrir as despesas de investimento e manutenção de sua frota.

A empresa também possui outras fontes de liquidez, incluindo ativos não onerados que poderão ser utilizados em futuras transações de financiamento garantidas. A perspectiva estável indica que a Moody’s espera que as métricas de crédito e a liquidez da LATAM permaneçam estáveis nos próximos 12-18 meses, com a empresa mantendo uma abordagem conservadora em relação à gestão de liquidez, custos e capacidade.

Para elevar o rating, a agência espera visibilidade de longo prazo sobre a recuperação pós-Chapter 11 da empresa e métricas de crédito fortalecidas, como alavancagem ajustada abaixo de 4,5x e cobertura de juros acima de 4x, de forma sustentável. A manutenção de uma adequada posição de liquidez também será determinante para uma possível elevação do rating.

Por outro lado, um rebaixamento do rating poderá acontecer se as métricas de crédito da empresa não atenderem às expectativas da Moody’s, com alavancagem ajustada acima de 5,5x e cobertura de juros abaixo de 1x em caráter sustentado. A deterioração da posição de liquidez ou choques adicionais na demanda ou rentabilidade, que resultem em queima de caixa, também poderão levar a um rebaixamento do rating.

A LATAM Airlines Group SA é uma holding aérea com sede no Chile, formada em 2012 pela fusão da LAN Airlines SA e TAM SA do Brasil. A empresa é a maior do setor na América do Sul, com presença em cinco países e uma ampla gama de serviços de transporte aéreo, incluindo um programa de passageiro frequente de grande porte.

Até junho de 2023, a LATAM gerou US$ 10,7 bilhões em receita líquida, atendendo passageiros em 143 destinos em 25 países e oferecendo serviços de carga para 156 destinos em 24 países. Com uma frota de 311 aeronaves, a empresa possui um sólido portfolio de alianças estratégicas para continuar seu crescimento no mercado aéreo latino-americano.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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