Agência europeia acredita que aviões poderão voar com apenas um piloto antes de 2030

Divulgação – Embraer

Ao longo da última semana, surgiram reportagens na imprensa internacional que indicavam a uma pressão de certos países da Europa para que a Agência Europeia de Segurança da Aviação (EASA) liberasse as operações de piloto único em voos comerciais. No entanto, a agência não tem pressa e disse que isso apenas seria possível após a conclusão de uma análise aprofundada e devida diligência apropriada em todos os níveis.

A EASA disse que está apoiando fabricantes de equipamentos e companhias aéreas em futuros novos conceitos de operações para grandes aviões de transporte de passageiros. A proposta do piloto único foi apresentada em um artigo na última assembleia da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), órgão de aviação das Nações Unidas, mas nenhuma resolução formal foi aprovada pelos 184 países-membros.

De acordo com a EASA, o primeiro conceito é “operações estendidas de tripulação mínima” (eMCO), onde as operações com uma tripulação de dois pilotos são aprimoradas ao permitir que um dos dois pilotos descanse, por sua vez, apenas durante o cruzeiro, enquanto o outro está no controle. “Em um estágio posterior e desde que operações seguras possam ser concedidas, operações de piloto único de ponta a ponta podem ser implantadas”, disse a EASA.

Imagem: Força Aérea Brasileira

“O impacto social e a aceitação pública também estão sendo avaliados para garantir uma implementação tranquila. A EASA acredita que o eMCO pode ser implementado dentro de um prazo razoável antes de 2030. As operações de piloto único de ponta a ponta só seriam implementadas em um estágio posterior com base nas lições aprendidas”, afirmou.

De acordo com uma matéria da Bloomberg, a proposta tem o apoio de 40 países, incluindo Alemanha, Reino Unido e Nova Zelândia. Eles esperam que isso ajude a reduzir custos e resolver o problema da falta de pilotos. No entanto, o movimento atraiu fortes críticas de pilotos que consideram as operações de piloto único inseguras.

Em sua apresentação à ICAO, a Federação Internacional da Associação de Pilotos de Linha Aérea (IFALPA) disse que existem inúmeros riscos associados ao eMCO. 

“Mais proeminentemente, esses riscos decorrem do aumento da carga de trabalho para o piloto e da eliminação de uma camada crítica de monitoramento, verificação cruzada e redundância operacional fornecida por um segundo piloto na cabine de comando. Isso pode comprometer a segurança além do aceitável níveis de risco devido às diversas situações de emergência variáveis ​​que podem ocorrer durante um voo”, disse a IFALPA.

A associação de pilotos destacou que as operações de voo ocorrem em um ambiente dinâmico envolvendo clima, comportamento dos passageiros e considerações geopolíticas, e que os pilotos mitigam os riscos operacionais e de segurança adaptando-se às mudanças nas circunstâncias.

A maior desvantagem das operações de piloto único propostas é que elas não respondem ao que acontecerá se o piloto ficar incapacitado. Um piloto incapacitado pode afetar adversamente os controles de voo”, observou um comandante sênior. “A automação, a tecnologia e a assistência remota do solo teriam de alguma forma substituir a experiência, a segurança e o imediatismo de um segundo piloto”, disse o relatório da Bloomberg.

Certamente, existem aeronaves projetadas e certificadas para operações monopiloto, mas que transportam menos passageiros. Além disso, normalmente esses aviões voam em espaço aéreo não-controlado ou em altitudes mais baixas, onde as condições climáticas são mais tranquilas.

A Airbus disse que está envolvida em estudos sobre padrões operacionais para tripulações em voos de longo alcance.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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