Air France e Airbus podem ser julgadas por homicídio no acidente do voo 447

Receba essa e outras notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Onze anos após o acidente com mais fatalidades envolvendo um voo que saiu do Brasil, a Air France e a Airbus podem ser julgadas pelo crime de homicídio.

© Pawel Kierzkowski – CC BY SA

O acidente ocorreu em junho de 2009, durante voo Air France 447 do Rio de Janeiro para Paris, operado pelo Airbus A330-200 de matrícula F-GZCP. A aeronave acabou tendo um dos seus tubos de pitot (que são sensores de velocidade) congelados.

Com o congelamento do pitot, os indicadores de velocidade começaram a apresentar inconsistência. Isso fez com que os pilotos se confundissem e comandassem o nariz da aeronave para cima. A aeronave subiu até o seu limite, e acabou entrando em estol (perda de sustentação) devido ao ângulo excessivo de inclinação e começou a cair.

Com a escuridão da noite, os pilotos a bordo acabaram não percebendo a situação, assim como não fizeram a conferência de velocidade com outros indicadores, que estavam funcionando normalmente. Por conta disso, o Airbus A330 acabou colidindo violentamente contra o mar, vitimando todos os seus 228 ocupantes que, na maioria, eram franceses e brasileiros.

De lá para cá, vários acordos foram feitos com familiares, mas a empresa ainda não foi julgada. A última etapa do processo tinha ocorrido em 2019, com a suspensão do mesmo, e a Promotoria de Paris pedindo apenas responsabilização da Air France, devido ao falho treinamento dos pilotos, apontando que o acidente ocorreu devido a uma “combinação de elementos que nunca aconteceram antes”.

No entanto, agora, a Procuradoria Geral da França pediu que a Air France e também a Airbus fossem julgadas por homicídio culposo, segundo informa o jornal Le Parisien.

A acusação gira em torno do elemento inicial para o acidente, que foi a falha no tubo de pitot do A330, o qual é fabricado pela Airbus. A fabricante defende que sempre avisou à Air France sobre a necessidade de modificações na aeronave para evitar a ocorrência e que, inclusive, o avião do acidente faria isso dias depois do voo do Rio. Outro ponto destacado pela fabricante é que apenas um dos dois tubos falhou, citando a redundância do jato.

Por outro lado, a Procuradoria alega que a Airbus foi negligente ao não exigir, mas sugerir as trocas dos modelos do tubo de pitot, e que a falta de celeridade da fabricante foi fatal.

A próxima decisão acontece no dia 4 de março na Corte de Apelações de Paris, de onde pode partir a acusação formal contra ambas as empresas.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

Veja outras histórias

Aviões perdem pedaço da ponta da asa em colisão no solo...

0
No dia 27 de março, um Airbus A320neo da IndiGo colidiu com um Boeing 737 da Air India Express no Aeroporto Internacional Netaji Subhas