Airbus A220 está em turnê inédita na América do Sul; veja alguns clientes em potencial

Imagem: Airbus

Acaba de chegar à América do Sul o jato regional Airbus A220, que estará exposto em Santiago do Chile nos próximos dias durante a FIDAE. Nesse seu primeiro tour por essa parte do globo, a aeronave também passará por Argentina e Brasil, onde será apresentado a grandes linhas aéreas locais.

Segundo reporta o site parceiro Aviacionline, a aeronave que foi alocada para essa turnê é um A220-300 pertencente à SWISS International Airlines, com matrícula HB-JCU e entregue em maio de 2021. A companhia suiça é um dos principais clientes do A220, com 30 aeronaves na frota, sendo 9 A220-100 e 21 A220-300.

As datas de exibição, por sua vez, serão de 5 a 10 de abril no Chile; de 8 a 10 de abril em Buenos Aires; e 12 e 13 de abril em Congonhas, Viracopos e Guarulhos, de acordo com a programação da Airbus. Em 14 de abril, o jato partirá para a Europa.

É importante destacar que a Airbus não possui vendas do A220 na América do Sul ainda e que essa turnê tem o objetivo, justamente, de apresentar o produto aos potenciais clientes.

Potencial do A220

A família A220, que passou a fazer parte da Airbus em 2018 após ser adquirida da Bombardier, acumula um total de 740 pedidos, sendo 102 da variante A220-100 (com 53 já em serviço) e 638 do A220-300 (146 em serviço). Delta Air Lines, airBaltic e SWISS são as maiores operadoras do modelo, das quais possuem 53, 33 e 30 unidades, respectivamente.

Colocando em perspectiva, boa parte das empresas que encomendaram este modelo buscam substituir aeronaves mais antigas com maiores índices de consumo, como o Airbus A319ceo, Airbus A318, Embraer 190/195, Boeing 717 e Boeing 737-700.

Isso significa que o A220 tem uma gama de oportunidades em termos de futuros clientes. Segundo dados obtidos por meio da Cirium, aeronaves menores que o A320 e o Boeing 737-800 representam 22,31% da oferta de assentos na América Latina e Caribe.

Esta região é atualmente uma das que apresenta maior taxa de recuperação pós-pandemia. Em março de 2022, chegou a 75,59% da oferta de assentos do mesmo período de 2019, com Bolívia, Colômbia, Guiana, México e Honduras já registrando crescimento real. Portanto, há chances de algumas empresas buscarem novos produtos para acompanhar os tempos atuais.

Na região, os clientes prospectados pela Airbus que não possuem um plano de substituição para um determinado modelo no médio prazo seriam:

Aeroméxico com 32 aeronaves Embraer 190: Embora esteja sendo estudada a possibilidade do Boeing 737 MAX ocupar seu lugar, não há confirmação da empresa de uma eventual substituição do Embraer no curto prazo.

A Avianca confirmou recentemente um pedido de 88 Airbus A320neos, sem mencionar se substituirá os 22 A319 existentes. Este modelo abrange pequenos mercados e aeroportos menores, razão pela qual também pode obter a certificação necessária para substituir ATR em algumas ligações.

O Grupo LATAM possui 40 Airbus A319 distribuídos no Brasil, Peru, Equador e Colômbia, onde operam principalmente em aeroportos menoresou de baixa demanda. No Brasil, a Airbus busca demonstrar as qualidades do A220 em Congonhas.

Aerolíneas Argentinas – A Airbus não tem um grande histórico no portfólio da estatal argentina de aeronaves de corredor único. No entanto, a empresa possui 26 Embraer E190 e oito Boeing 737-700 que podem ser substituídos pela família A220 em médio prazo, principalmente para desbancar a fabricante brasileira, embora a gestão anterior tivesse dito que iria optar pelo 737 MAX.

Outros operadores

A Indigo Partners (Volaris e JetSMART) não demonstrou interesse pela aeronave, focando ainda mais no outro modelo da Airbus: o A320neo e suas variantes.

A Azul optou pelos Embraer E2 e ainda tem dezenas a receber, mas é bom lembrar que a empresa é grande cliente da Airbus com uma frota de Airbus A320neo e A321neo.

A GOL têm uma longa história com a Boeing e a chance da Airbus entrar nesse cliente seria com uma abordagem extremamente agressiva comercialmente, como aconteceu com Qantas e Jet2.

O A220 tem sido uma oportunidade para empresas com estrutura financeira limitada, que adquiriram o modelo para melhorar os coeficientes de consumo de combustível. Portanto, não se descarta sua apresenação a empresas menores da região.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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