Airbus e Boeing aceleram produção e exploram novos materiais para futuras aeronaves

Airbus HiFly Primeiro A330neo
Imagem: Airbus

A Airbus e a Boeing estão se preparando para um aumento significativo na produção de suas próximas gerações de jatos comerciais, planejando um aumento de até 100 aeronaves mensais para cada fabricante.

Ambas as gigantes da aviação estão explorando materiais plásticos mais leves e métodos de montagem robótica como parte de suas estratégias para o futuro, de acordo com fontes da indústria.

Diante de cadeias de suprimento frágeis e da possibilidade de longas esperas para o desenvolvimento de novos motores, as duas maiores fabricantes de aeronaves do mundo estão ainda alguns anos afastadas do lançamento de projetos que substituirão a linha de jatos Boeing 737 e Airbus A320, que continuam em alta demanda.

No entanto, em uma conferência sobre compósitos realizada em Paris, tanto a Airbus quanto a Boeing informaram ao público técnico que já estão progredindo em pesquisas sobre quais materiais poderão ser utilizados para seus modelos sucessores e, consequentemente, com que rapidez poderão ser construídos.

Os aviões que os modelos futuros substituirão são atualmente construídos de alumínio, utilizando métodos aperfeiçoados ao longo de décadas. Contudo, os compósitos estão sendo considerados por seu peso mais leve e forma fluida.

Os compósitos já são amplamente utilizados em jatos maiores, como o Boeing 787 e o Airbus A350, onde contribuem para a economia de combustível e redução de emissões, embora exijam atualmente um manejo demorado em fornos autoclaves pressurizados.

Para atender à demanda por um número muito maior de jatos pequenos, ambas as fabricantes estão estudando cada vez mais a fabricação baseada em novos materiais como termoplásticos, que prometem velocidade de produção mais alta.

Os palestrantes da conferência afirmaram que estudos em andamento pressupõem uma produção futura de 80 jatos por mês para Airbus e Boeing, o que representa mais do que o dobro do número que a Boeing está produzindo atualmente.

No entanto, fontes revelaram à Reuters que ambas as fabricantes estão comunicando à indústria de compósitos que desejam ir ainda mais longe, preparando-se para produzir até 100 aeronaves mensais, um ritmo intenso que seria equivalente a um jato de aproximadamente 200 assentos a cada poucas horas.

A mudança para termoplásticos é uma aposta significativa para uma indústria que começou a usar compósitos na década de 1970, mas nunca em taxas tão ambiciosas. Analistas afirmam que a capacidade de produção será um campo de batalha tão relevante na indústria de jatos de amanhã quanto escolher os designs corretos, especialmente com a competição crescente da China.

Atualmente, as partes estruturais de jatos como o 787 são feitas de um tipo de compósito conhecido como termoendurecível, que mantém sua forma e resistência uma vez curado em autoclaves. Futuras técnicas podem incluir uma evolução do sistema de produção existente, com tempos de cura mais rápidos.

Além disso, a infusão de resina é uma técnica típica usada na fabricação de barcos que poderia ser aproveitada para a produção automatizada de alguns componentes sem necessitar de autoclaves.

O crescente interesse em termoplásticos na indústria aeroespacial foi destacado por delegados no maior evento de compósitos do mundo, onde Airbus, GKN e outras empresas mostraram parte da estrutura fuselagem de termoplástico mais extensa do mundo.

A principal vantagem dos termoplásticos é que podem ser reheated e reformados para produzir uma forma aerodinâmica fluida. Tais partes podem também ser soldadas usando métodos avançados como ultrassom, em vez de serem fixadas com rebites, o que reduz o peso.

Apesar de ser uma jogada arriscada do ponto de vista econômico, a indústria continua a explorar opções, o que pode incluir uma mistura das abordagens no futuro, em vez de se fixar em uma única tecnologia.

Os responsáveis enfatizaram que não há planos imediatos para lançar um novo avião, um detalhe que analistas alertaram que poderia desviar o foco dos investidores, cansados após crises de cadeia de suprimentos.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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