Durante um evento em que a Qatar Airways anunciou que está negociando a compra de 49% de uma empresa africana, seu CEO reforçou a vontade de duplicar a sua participação no Grupo Latam Airlines.
Akbar al-Baker é um dos executivos mais conhecidos da aviação e também um dos mais polêmicos. Geralmente falando o que pensa, o CEO da Qatar Airways costuma dar bastante trabalho para sua equipe de comunicação. Nesta quarta-feira, 5, durant eum evento, ele reforçou que sua companhia aérea está interessada em aumentar sua participação na Latam e em trabalhar próximo de outro acionista, a sua arqui-rival Delta Airlines.
Tá todo mundo de olho na Latam
“Quando chegar a oportunidade certa e pelo preço certo, aumentaremos nosso investimento na Latam”, disse ele à Reuters, acrescentando que estaria interessado em ter o mesmo tamanho de participação que a Delta tem hoje. Lembrando que a Delta possui 20%, o dobro dos 10% de propriedade da Qatar Airways.
A Delta surpreendeu o setor quando anunciou, em setembro de 2019, que estava assumindo uma participação de US$ 1,9 bilhão, ou 20% no grupo de companhias aéreas sul-americanas.
A Qatar Airways tem um relacionamento contencioso com a Delta e outras grandes transportadoras americanas, que acusam as companhias aéreas do Golfo de receber subsídios injustos dos seus governos, distorcer a concorrência e acabar com empregos americanos. Por sua vez, as transportadoras do Golfo rejeitaram tais acusações.
No entanto, Baker disse que não há mal-estar com a Delta e a Qatar Airways está disposta a trabalhar com a companhia aérea americana. “Podemos transferir passageiros um para o outro. Somos a única transportadora do Oriente Médio que voa para o hub da Delta, então há uma grande oportunidade”, afirmou ele.
A Qatar Airways também manifestou interesse em participar da IndiGo da Índia e da Royal Air Maroc de Marrocos.
Rwandair
O evento de hoje serviu para a Qatar falar de seu largo investimento na Rwandair, comprando 49% de suas ações.
A participação em uma companhia aérea africana ampliaria seu alcance em uma das regiões de mais rápido crescimento do mundo e potencialmente a ajudaria a contornar as restrições impostas a ela por alguns estados árabes.
A Qatar Airways, de propriedade estatal, já detém participações no grupo International Airlines Group, da British Airways, na China Southern, na Cathay Pacific e na Latam.
A Qatar Airways, que voa para mais de 160 destinos, foi forçada a fazer rotas mais longas para evitar o espaço aéreo bloqueado de alguns de seus vizinhos, como os Emirados Árabes e a Arábia Saudita. A proibição não se aplica a companhias aéreas que não são do Catar, o que significa que a RwandAir (bem como as outras empresas em que participa) podem transportar passageiros da África pelo espaço aéreo bloqueado para o hub de Doha da companhia estatal sem restrições.
A RwandAir voa para 29 destinos, principalmente na África, mas também para Dubai, Mumbai e Bruxelas. Sua CEO, Yvonne Manzi Makolo, confirmou à Reuters que as negociações para vender uma participação estavam em andamento, mas se recusou a comentar mais.
A Qatar Airways concordou em dezembro em assumir uma participação de 60% em um novo aeroporto em Ruanda.