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Alta do querosene de aviação foi vilã do preço da tarifa aérea doméstica em 2021

O preço médio do bilhete aéreo comercializado no mercado doméstico em 2021 foi de R$ 494,01. Na comparação com o mesmo período de 2020, o valor médio da tarifa aérea, comercializada à época por R$ 414,15, acumulou alta de 19,28%. Os dados apresentados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), nesta sexta-feira, 25 de março, mostram que esse foi o maior percentual acumulado para um ano desde de 2008, quando houve aumento de 37,82%.

O aumento de 91,9% do preço médio do querosene de aviação (QAV) no ano passado frente ao valor praticado em 2020 foi um dos principais fatores para a alta do bilhete aéreo. Antes do fechamento de 2021, o preço do combustível de aviação chegou a registrar elevação de 94,4%.

Aliado a isso, o crescimento de aproximadamente 40% na demanda e oferta do transporte aéreo no ano passado ante os dados registrados em 2020 contribuíram para a alta da tarifa. O valor do dólar, outro componente que impacta diretamente os custos do setor, terminou 2021 valendo 8,4% a mais em relação a 2020.

De janeiro a dezembro de 2021, o valor médio pago pelo passageiro por quilômetro voado (yield tarifa aérea médio doméstico real) foi de R$ 0,372, alta de 17,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao longo do ano passado, o yield apresentou valores médios mínimo e máximo nos meses de abril e outubro entre 0,256 e 0,443, respectivamente.

No ano passado, 4,1% das passagens comercializadas no mercado doméstico tiveram preço abaixo de R$100,00, 37,1% abaixo de R$ 300,00 e 63,3% abaixo de R$ 500,00. Os bilhetes vendidos acima de R$ 1.500,00 representaram 2,7% do total.

Números por empresa

Entre as três principais aéreas brasileiras, que transportaram 98,4% de passageiros durante 2021 no mercado doméstico, a Gol Linhas Aéreas foi a empresa com maior percentual de aumento no bilhete comercializado, com alta de 25,9%, seguida pela Azul Linhas Aéreas, com acréscimo de 17%, e da Latam, alta de 12,4%.

No entanto, de janeiro a dezembro do ano passado, a Azul foi a companhia que apresentou o maior valor médio do ticket aéreo, de R$ 562,66. Gol e Latam vieram em seguida, com média de R$ 481,76 e R$ 444,90, respectivamente.

A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 10,06% em 2021, percentual superior ao centro da meta estipulada pelo Banco Central do Brasil, previsto em 3,75%.

Os indicadores apresentados podem ser acessados na página Relatório de Tarifas Aéreas Domésticas.

Contexto internacional

No mercado internacional, as tarifas médias de ida e volta na classe econômica registraram alta nas Américas – do Sul, Central e do Norte – e na África no ano de 2021. Já na Europa e na Ásia, observou-se leve queda. A alta mais acentuada nos trechos de maior volume, como América do Sul e do Norte, se deve ao ajuste da atividade do setor em comparação à atividade de 2020, no auge dos efeitos da pandemia de covid-19. Veja o relatório completo das tarifas aéreas internacionais.

A tarifa aérea praticada nos voos para a Europa teve redução inferior a 0,1%, com valor médio de US$ 643,11. Os voos para a Ásia tiveram tarifa média de US$ 960,07, apresentando redução de cerca de 3,3%. Para ambos os continentes, houve retomada do volume de passageiros transportados no segundo semestre de 2021, com o avanço da vacinação no Brasil e a flexibilização das regras de entrada nos países desses continentes.

A quantidade de passageiros transportados, apesar de apresentar recuperação nos dados mensais, teve queda de 11,3% ante o ano de 2020 — destaca-se que, no primeiro trimestre de 2020, o setor foi pouco impactado pela pandemia global, sendo declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020.  

Informações da ANAC

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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