ANAC compila os dados financeiros do segundo trimestre das três maiores aéreas brasileiras

Imagem: Ascom/Setur-SE

Uma análise da ANAC, divulgada na terça-feira, mostrou que as três principais empresas aéreas brasileiras (Azul, Gol e Latam) somaram, no 2º trimestre deste ano, mais de R$ 11,8 bilhões em receitas de serviços aéreos. Comparado com o resultado apurado no mesmo período do ano passado, o valor representa crescimento de 195,05%. Esse foi o melhor resultado obtido pelas companhias para o trimestre, em termos nominais, nos últimos oito anos.

Ainda assim, o prejuízo das três juntas ultrapassou R$ 8 bilhões no mesmo período, como mostrou uma análise do AEROIN publicada em agosto. O “vilão” dos enormes prejuízos do 2T22 foi a variação cambial (alta do dólar). Por sinal, também havia sido o “trunfo” do grande lucro do 1T22 (queda do dólar), pois uma parte relevante dos custos das empresas aéreas é dada em dólar, incluindo o querosene, que teve uma enorme alta.

Ainda assim, o fluxo de caixa apurado ao final do período foi positivo em R$ 2,7 bilhões. Um ano atrás, as companhias apresentaram resultado e fluxo de caixa positivos correspondentes a R$ 899,48 milhões e 2,1 bilhões, respectivamente.

Outros índices

Entre o 2º trimestre do ano passado e o mesmo período desse ano, as principais aéreas brasileiras elevaram expressivamente a oferta de voos (ASK – assentos-quilômetros ofertados) no mercado doméstico e internacional. Latam, Gol e Azul aumentaram o indicador em 126,3%, 123,6% e 56,8%, respectivamente.

De abril a junho deste ano, os indicadores de custos e despesas tiveram aumento de 95,73% na comparação com igual período de 2021. Foram mais de R$ 12,30 bilhões em custos e despesas frente aos R$ 6,28 bilhões verificados no mesmo período do ano passado. O item combustíveis e lubrificantes ocupou o primeiro lugar entre os mais onerosos para as aéreas (41,74%). Na sequência aparecem despesas operacionais (11,92%) e custos com pessoal (11,69%).

O item que isoladamente mais onerou as empresas aéreas no trimestre, o querosene de aviação (QAV), sofreu um aumento de 85,2% no 2º trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.

Os valores divulgados fazem parte das Demonstrações Contábeis padronizadas das Empresas Aéreas divulgadas nesta terça-feira, 4 de outubro, pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), e podem ser consultadas no site da Agência. A página disponibiliza também o histórico das demonstrações contábeis divulgadas desde o início da série, iniciada em 2009.

Metodologia

Em cumprimento à Resolução nº 342, de 9 de setembro de 2014, as demonstrações contábeis trimestrais devem ser apresentadas pelas empresas com participação igual ou superior a 1% em termos de passageiros quilômetros pagos transportados (RPK) doméstico ou internacional. Já as anuais devem ser apresentadas por aquelas com participação igual ou superior a 1% do RPK ou das toneladas quilômetros pagos transportados (RTK) no mercado doméstico ou internacional.

Informações da ANAC

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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