
Os recentes voos do único Embraer E2 privado do Brasil têm chamado a atenção da ANAC, que questionou a dona do avião sobre a finalidade dos voos. Operado pela Placar Linhas Aéreas, que ainda não é uma companhia aérea certificada e não pode realizar voos comerciais, sejam regulares ou fretamentos, o E190-E2 de matrícula PS-LMP vinha fazendo voos pelo país.
A Placar é de propriedade de Leila Pereira, Presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, um dos mais tradicionais e premiados clubes de futebol profissional no Brasil. Esta companhia foi criada com a finalidade de atuar para atender a demanda dos clubes brasileiros da primeira e segunda divisão do Brasileirão.
Porém, até que sua certificação seja concluída, a Placar não pode vender voos ou assentos. Por causa disso, o avião estava sendo usado mais pelo próprio Palmeiras, como uma cortesia da presidente do clube. Mas também a aeronave fez rotas que diferem dos jogos do clube paulista, transportando a delegação do carioca Vasco e do gaúcho Grêmio.
No último dia 8, por exemplo, o avião voou de Canoas para Confins, um dia antes do time gaúcho enfrentar o Atlético Mineiro pelo segundo turno do Brasileirão. O jogo de quarta à noite terminou em 2×1 para o Galo, e ainda na madrugada de quinta o jato decolou de volta para o Rio Grande do Sul.
Já segundo levantamento do UOL, o Vasco utilizou a aeronave três vezes em julho, para enfrentar o Atlético Mineiro, Grêmio e Internacional. Leila teria proximidade tanto quanto a diretoria do time carioca como do gaúcho, e por isto estaria cedendo a aeronave.
O AEROIN apurou que a ANAC emitiu ao menos dois autos de fiscalização contra a Placar, citando também Leila, para apurar as naturezas do voo. A Agência Nacional de Aviação Civil está investigando se houve o chamado TACA, ou Táxi Aéreo Clandestino, que é quando uma empresa não homologada ou uma pessoa física presta serviços aéreos, cobrando menos e sem as certificações necessárias.
Leila, por sua vez, afirma que as aeronaves foram emprestadas, sem cobrança de nenhuma contrapartida, assim como foi feito para transporte de donativos para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul em maio. Sendo desta maneira, o uso da aeronave é permitido por ser não comercial.
Esta seria uma maneira inclusive de manter o avião em operação e a tripulação em uso, já que ainda não existe uma previsão para que a Placar seja finalmente homologada e possa prestar serviços comerciais.