Apenas 50 pilotos são qualificados para pousar neste aeroporto desafiador do Butão

Imagem: Doug Knuth, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Em um dia comum de trabalho no Aeroporto Internacional de Paro (PBH), no Butão, um Buda de túnica laranja observa enquanto o piloto executa com habilidade uma difícil manobra para pousar o A319 em uma pista estreita. A bordo, após o pouso, aplausos surgem entre os passageiros, alguns dos quais estavam nervosos durante a aproximação.

Este é apenas mais um dia normal em um dos aeroportos considerados mais difíceis para pousos do mundo, um destino que combina beleza natural e desafios aeronáuticos, no qual apenas 50 pilotos são qualificados para pousar.

Localizado entre montanhas de 5.500 metros, Paro é um aeroporto de categoria C. Isso significa que possui características específicas que exigem treinamento adicional para os pilotos que operam voos nesse local.

Os aeroportos dessa categoria normalmente têm pistas mais curtas, condições de visibilidade limitadas e estão cercados por obstáculos, como montanhas. Os pilotos devem realizar pousos manuais, sem auxílio de radar, e conhecer bem a geografia local para evitar riscos.

O comandante Chimi Dorji, que há 25 anos voa pela Druk Air, a companhia aérea nacional do Butão, destaca a importância do treinamento local: “É desafiador para a habilidade do piloto, mas não é perigoso. Se fosse perigoso, eu não estaria voando.

O aeroporto é cercado por terrenos montanhosos e possui uma pista de apenas 2.262 metros, o que torna essencial o conhecimento da geografia local. Uma aproximação descuidada pode resultar em uma colisão com uma casa próxima.

O ar rarefeito das altas altitudes exige que as aeronaves voem mais rápido para manter a mesma velocidade em relação ao solo, o que aumenta a complexidade do pouso, conforme conta a CNN.

Imagem: Gelay Jamtsho, CC BY-NC-SA 2.0, via Flickr

A garantia da segurança

Devido às condições meteorológicas, a maioria dos voos é programada para pousar antes do meio-dia. As correntes de ar e os ventos térmicos aumentam significativamente à tarde, tornando os pousos mais arriscados.

Durante a estação das monções, que vai de junho a agosto, tempestades são frequentes, exigindo que os pilotos saibam não apenas quando voar, mas também quando é mais seguro não o fazer.

O setor de aviação do Butão está em transformação. Gelephu, no sul do país, foi escolhido para a construção de uma nova “cidade da atenção plena”, com um aeroporto que permitirá o acesso a aviões maiores. Isso pode facilitar voos diretos para o Butão a partir da América do Norte, Europa e Oriente Médio nos próximos anos.

A Druk Air, fundada em 1981, representa um setor aéreo relativamente jovem em comparação com gigantes da aviação como KLM e Qantas. Atualmente, há cerca de 50 pilotos licenciados no país, com um interesse crescente em treinar mais jovens locais para a aviação, em vez de depender de profissionais do exterior. Dorji vê-se como uma ponte entre gerações: “Estou animado com o futuro da aviação no Butão.

Voar para Paro é mais do que um simples deslocamento: é uma experiência repleta de desafios que exigem habilidade e treinamento especializado. À medida que o Butão continua a desenvolver sua infraestrutura de aviação, o encanto e a mística do país se fortalecem, atraindo cada vez mais viajantes dispostos a enfrentar a adrenalina de pousar em um dos aeroportos mais impressionantes do mundo.

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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