Apesar da retomada, o forte impacto da Covid-19 no tráfego aéreo global persiste

Imagem ilustrativa – Fonte: Aeroporto de Natal

Novos dados do Conselho Internacional de Aeroportos (Airport Council International – ACI) mostram que o impacto adverso e duradouro da crise da Covid-19 deve reduzir o volume de passageiros em mais de cinco bilhões de usuários até o final deste ano, em comparação com a previsão anterior à pandemia.

Em relação aos níveis de 2019, espera-se que a redução será de 47,3% até o final do ano, com o tráfego doméstico de passageiros se recuperando mais rapidamente do que o tráfego internacional. Globalmente, o tráfego doméstico continuará a recuperação iniciada em 2020 com perspectivas de atingir cerca de 3,3 bilhões de passageiros até o fim de 2021 (61,4% dos níveis de 2019).

Além da redução do tráfego, o ACI estima que, globalmente, os aeroportos sofrerão uma redução de receita de mais de US$ 108 bilhões até o final de 2021, menos da metade do previsto inicialmente (-54,6%). A expectativa para 2021 é de que cada trimestre apresente avanços em relação ao anterior, passando de uma queda de 71,4% no primeiro trimestre de 2021 para uma queda de 37,2% no quarto trimestre, sempre em ralação ao período homólogo de 2019.

À medida que a vacinação prossiga e as restrições às viagens diminuam lentamente, mais passageiros devem voltar a viajar no segundo semestre do ano. Embora o tráfego internacional de passageiros tenha permanecido fraco na primeira metade de 2021, os sinais apontam para um aumento na demanda por viagens aéreas na segunda metade do ano, mas muitas incertezas ainda cercam a recuperação de longo prazo da indústria da aviação.

O ACI espera que o tráfego global de passageiros se recupere aos níveis de 2019 até o final de 2023, o que será impulsionado principalmente pela retomada do tráfego doméstico de passageiros, mas amortecido por uma recuperação mais lenta das viagens internacionais. No longo prazo, prevê-se que o tráfego global possa levar até duas décadas para retornar aos níveis projetados anteriormente.

“Apesar dos crescentes sinais positivos, a Covid-19 continua sendo uma crise existencial para aeroportos, companhias aéreas e seus parceiros comerciais, e a aviação ainda precisa de apoio e decisões políticas razoáveis dos governos para que haja uma recuperação uniforme e sustentada”, disse o diretor-geral do ACI, Luis Felipe de Oliveira.

“O tráfego aéreo é a força vital do negócio aeroportuário, já que praticamente todas as receitas aeronáuticas são uma função direta do tráfego, incluindo taxas de passageiros e despesas relacionadas com aeronaves. À medida que o tráfego diminui, a capacidade dos aeroportos de cobrar essas taxas diminui proporcionalmente e, com pouca flexibilidade nas despesas operacionais, juntamente com custos de capital que são amplamente fixos, a crise atual representa um desafio sem precedentes para a viabilidade financeira da indústria aeroportuária”, acrescentou De Oliveira

As implicações disso vão além dos aeroportos, mas estes desempenham um papel central no ecossistema da aviação, crucial para a recuperação econômica global do impacto e dos efeitos da Covid-19. A aviação contribui com trilhões para o produto interno bruto mundial, sustenta milhões de empregos e promove o desenvolvimento sustentável das comunidades que atende.

“O ACI World está otimista, mas considera que o fundamental para reconectar o mundo será uma abordagem harmonizada e baseada no risco para as restrições de viagens sustentadas por ações governamentais, de forma a promover viagens seguras e com testes e vacinação. Persistir nas restrições em grande escala e medidas de quarentena abrangentes coloca em risco as perspectivas de uma recuperação segura, centrada no passageiro e sustentável do sistema de transporte aéreo, o que resultará em uma perda prolongada e prejudicial da conectividade global e do crescimento”, concluiu o diretor-geral de ACI.

Uma nova e aprimorada infraestrutura aeroportuária será fundamental para o desenvolvimento contínuo do transporte aéreo, além da recuperação da pandemia de Covid-19. O crescimento sustentável de longo prazo para a indústria virá de um maior investimento de capital em aeroportos, políticas razoáveis para o uso de slots e medidas que promovam desenvolvimento econômico, social e ambiental dos aeroportos.

Informações do ACI

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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