Após acidente da Southwest, FAA emite Diretriz emergencial de inspeção dos motores do 737NG

A FAA, agência reguladora da aviação civil norte-americana, emitiu na última sexta-feira (20/04) uma Diretriz de Aeronavegabilidade emergencial com prazos e procedimentos de inspeção para os motores CFM56-7B que equipam as aeronaves 737NG.

A Diretriz foi rapidamente definida após o acidente em voo com o motor do 737-700 da Southwest, que causou sérios danos à aeronave e levou uma passageira a óbito.

Técnicos do NTSB (o CENIPA dos EUA) durante avaliação do motor do 737 da Southwest. Imagem: NTSB.




Diretrizes de Aeronavegabilidade são documentos emitidos pelas autoridades reguladoras da aviação de cada país em prol da segurança, e possuem força para deixar uma aeronave não aeronavegável, ou seja, fora de serviço, caso o requisito da Diretriz não seja cumprido pela aeronave. No caso da Diretriz 2018-09-51 emitida na sexta-feira, qualquer aeronave equipada com motores CFM56-7B que já tenham completado 30.000 ciclos de operação precisam inspecionar os motores em no máximo 20 dias à partir da emissão da Diretriz.

Apesar da emissão efetuada pela autoridade dos Estados Unidos, aeronaves operando nas companhias brasileiras que sejam equipadas com os motores afetados também serão obrigadas ao cumprimento da Diretriz, se aplicável. Isso porque a ANAC possui acordo com a FAA que faz com que artigos aeronáuticos fabricados naquele país estejam sujeitos tanto às Diretrizes brasileiras quanto às norte-americanas, fazendo com que não seja necessária a emissão de uma Diretriz sobre o mesmo assunto pela ANAC.

O texto da Diretriz define a condição insegura da seguinte forma: “Esta Diretriz foi necessária em função de um evento recente envolvendo a falha de um motor, resultando na desintegração do bocal do motor, com detritos penetrando a fuselagem e causando perda de pressurização e a necessidade de uma descida emergencial. Houve uma fatalidade como resultado do evento. Estamos emitindo esta Diretriz para comunicar a falha de blades (pás) do fan (rotor frontal) devido a trincas, que pode resultar em desligamento de motor em voo, liberação de detritos, danos ao motor, danos à aeronave, e possível descompressão da aeronave”.

Os motores deverão ter suas 24 blades submetidas a inspeção por ultra-som para a detecção de trincas no interior do material. Em caso de existência de qualquer trinca, a blade afetada deverá ser substituída antes do motor retornar ao serviço.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias