Após acusar seu presidente de colaborar com a Rússia, Ucrânia nacionaliza a Motor Sich

Foto de Igor Bubin, via Wikimedia

A Comissão Nacional de Valores Mobiliários da Ucrânia (NKCPFR) vai avançar na nacionalização de várias empresas ligadas aos chamados “oligarcas” locais (algumas das quais mantiveram relações comerciais com a Rússia mesmo após a invasão), entre as quais a Motor Sich, fabricante de motores que equiparam aeronaves como o Antonov An-124, An-225, Yakovlev Yak-42 e o Beriev Be-200, além de helicópteros para uso militar, como o Mi-8AMTSh-VN “Sapsan” , KA -52 “Alligator” e Mi-28N “Night Hunter”.

Esta decisão, conforme relatado pela agência Interfax-Ucrânia, é baseada na lei de transferência, expropriação ou apreensão de bens sob o regime jurídico da lei marcial datada de 6 de novembro.

O Ministério da Defesa da Ucrânia ficará encarregado de administrar a conta para a qual as ações serão transferidas e, em relação ao pagamento da indenização correspondente, especifica-se que, se não puder ser feito imediatamente, será feito dentro de os próximos cinco períodos orçamentários após a abolição da lei marcial. 

A avaliação dos bens desapropriados será feita seguindo os processos estabelecidos na legislação correspondente, relata o Aviacionline.

Vyacheslav Boguslaev, presidente da Motor Sich, foi preso no final de outubro sob a acusação de colaborar com a Rússia depois que foi detectado que, mesmo após a invasão da Ucrânia, motores e outras peças sobressalentes para helicópteros militares daquele país continuaram a ser fornecidos. Em 2017, este empresário vendeu 56% das ações da empresa para a holding chinesa Beijing Skyrizon Aviation.

Washington se opôs à aquisição da Motor Sich por investidores chineses e, nos últimos dias do governo do presidente Donald Trump, Washington adicionou a Skyrizon a uma lista de empresas ligadas à aquisição de tecnologia de defesa, chamada MEU, abreviação de Military End-User (Usuários Finais Militares), restringindo seu acesso às exportações dos EUA.

Ainda em janeiro de 2021, a Motor Sich fez uma venda de 400 motores para a China para alimentar seus treinadores avançados JL-10, na ausência de uma solução local. O interesse do governo chinês é lógico. Eles querem adquirir know-how ucraniano no campo da motorização de aeronaves modernas, que é uma área onde os desenvolvimentos locais não estão acontecendo com rapidez suficiente.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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