Em uma tentativa de mitigar o impacto das sanções ocidentais, a Rússia convidou formalmente companhias aéreas indianas a operar rotas domésticas dentro de seu território.
A proposta faz parte dos esforços da Rússia para manter os voos nacionais diante das restrições que afetam o acesso de suas próprias companhias aéreas a aeronaves e componentes essenciais provenientes dos Estados Unidos e da Europa, como informa o portal parceiro Aviacionline.
O acordo de cabotagem permitiria que companhias aéreas estrangeiras, incluindo as da Índia, China e Ásia Central, transportassem passageiros dentro das fronteiras russas. Anteriormente o governo russo já havia convidado empresas do Cazaquistão para realizarem voos internos.
Esse plano, apresentado inicialmente por autoridades russas há cerca de um mês, ganhou mais relevância durante a recente visita do primeiro-ministro Narendra Modi à Rússia na cúpula do BRICS, onde representantes russos defenderam a necessidade de assistência estrangeira em seu setor de aviação nacional.
Embora o convite represente uma oportunidade única, as companhias aéreas indianas estão cautelosas em relação aos desafios associados à operação na Rússia. Segundo fontes citadas pelo The Economic Times, as companhias aéreas indianas enfrentam obstáculos no leasing e no seguro de aeronaves, já que muitos locadores e seguradoras se recusam a permitir operações na Rússia devido às sanções ocidentais impostas após o conflito na Ucrânia.
Um alto executivo de uma companhia aérea destacou a preocupação com a possível perda de cobertura de seguro para aeronaves operando na Rússia, o que ressalta a relutância das companhias aéreas indianas em comprometer recursos em um ambiente de frota limitada.
As companhias aéreas indianas também enfrentam escassez de aeronaves em seu próprio mercado doméstico, o que pode dificultar ainda mais qualquer operação potencial na Rússia.
As sanções limitam as operações das companhias aéreas russas
A indústria de aviação russa enfrenta dificuldades devido às sanções ocidentais, especialmente no acesso a aeronaves e peças da Boeing e da Airbus, que anteriormente compunham uma parte significativa de sua frota.
As sanções interromperam as entregas programadas para companhias aéreas russas, e algumas aeronaves que estavam destinadas inicialmente à Rússia foram redirecionadas para outros mercados. Como resultado, a frota ativa da Rússia diminuiu de 874 aeronaves em 2019 para cerca de 771, segundo dados da CAPA, enquanto a capacidade de assentos domésticos se mantém nos níveis anteriores à pandemia.
As projeções da CAPA indicam um crescimento mínimo no tráfego de passageiros na Rússia, com um total anual estimado de 98,8 milhões de passageiros para 2027, semelhante aos níveis de 2024, o que aponta para um período prolongado de expansão limitada para as companhias aéreas russas.
Apesar do contexto de sanções, Índia e Rússia continuam a manter laços sólidos no setor de aviação. A Air India, por exemplo, segue operando voos sobre o espaço aéreo russo, o que permite à companhia aproveitar tempos de viagem mais curtos em rotas que, de outra forma, exigiriam desvios custosos para companhias aéreas ocidentais que evitam o território russo.