Após perder R$ 4,7 bi em 2021, Azul fecha o 1º trimestre de 2022 com lucro de R$ 2,66 bilhões

A Azul Linhas Aéreas apresenta nesta segunda-feira, 9 de maio, seus resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre de 2022 (1T22), mostrando que a companhia apresentou resultado líquido positivo mesmo diante dos impactos da variante Ômicron da Covid-19 no período.

Após ter fechado o ano de 2021 com um prejuízo líquido de cerca de R$ 4,7 bilhões, o resultado do 1T22 foi um lucro líquido de R$ 2,658 bilhões. Comparativamente, nos mesmos três meses do ano anterior (1T21), o resultado havia sido um prejuízo líquido de R$ 2,652 bilhões.

A seguir estão as informações apresentadas hoje pela Azul.

Mensagem da Administração

Por John Rodgerson, CEO da Azul

“Como sempre, gostaria de expressar minha gratidão e reconhecer nossos tripulantes que são apaixonados pelo que fazem e que continuam cuidando uns dos outros e de nossos clientes. Nosso excepcional atendimento ao cliente foi reconhecido mais uma vez, com a Azul sendo eleita a melhor companhia aérea do Brasil de acordo com os rankings de satisfação dos clientes da ANAC.

A Cirium divulgou ainda que a Azul foi a companhia aérea mais pontual do mundo no mês de março de 2022. Além disso, nossa pontuação de satisfação de clientes em março e abril foram as mais altas dos últimos dois anos.

Continuamos a servir e conectar o Brasil através de nossa malha única e frota diversificada, alcançando um recorde de 151 destinos, um impressionante aumento de mais de 35 destinos em comparação com 2019, e ainda temos mais a crescer. Com o tempo, esses novos destinos adicionarão uma demanda considerável à nossa malha, reforçando nossa estratégia de crescimento.

Embora tenhamos enfrentado desafios operacionais de curto prazo devido à Ômicron durante o primeiro trimestre de 2022, este efeito já ficou para trás. No trimestre, nossa receita operacional total aumentou 74,9% para R$3,2 bilhões, 25,6% acima do mesmo período em 2019, um recorde histórico do primeiro trimestre.

No 1T22 nosso EBITDA alcançou R$592,7 milhões, representando uma margem de 18,6%. Sem o impacto da Ômicron, estimamos que o EBITDA teria sido próximo de R$900 milhões.

PRASK e RASK aumentaram 40,7% e 38,3% respectivamente em comparação com o 1T21, ao mesmo tempo em que a capacidade aumentou 26,4%, impulsionada pela demanda robusta nos mercados da Azul.

Terminamos o trimestre com nove meses consecutivos de forte e crescente demanda de lazer, ao mesmo tempo em que o corporativo acelerou rapidamente, nos permitindo elevar tarifas para compensar o aumento dos preços dos combustíveis.

Atualmente, as tarifas estão em níveis recordes, muito acima de 2019. Em comparação com 2019, a receita corporativa recuperou mais de 120%, enquanto o tráfego corporativo ainda está em 71% dos níveis pré-pandemia, indicando mais espaço para melhoria.

Esperamos atingir recorde de receita e RASK de todos os tempos no 2T22, uma conquista surpreendente considerando que o segundo trimestre é sazonalmente o mais fraco.

Nossas unidades de negócios continuam com uma atraente trajetória de crescimento.

A Azul Cargo manteve seu excelente desempenho de receitas atingindo quase R$300 milhões no trimestre, um crescimento de 37,8% em relação ao ano anterior e triplicando a receita do 1T19. Nossa missão de transformar a logística no Brasil continua sendo nosso foco, alavancando nossa malha e nossa frota de cargueiros dedicados. Acreditamos que a Azul Cargo é a plataforma perfeita para o crescimento dos negócios de nossos clientes.

O TudoAzul, nosso programa de fidelidade, praticamente dobrou em faturamento bruto no 1T22 comparando com o 1T21. A Azul Viagens, nosso negócio de lazer, vendeu 90% mais pacotes de viagem em comparação com o 1T21, principalmente devido à nossa capacidade única de voar em rotas de lazer exclusivas e sem escalas. Em julho de 2022, teremos mais de 900 voos dedicados para a Azul Viagens, mais do que o dobro em relação a 2019.

Em termos de ESG, um dos destaques dos nossos esforços continua sendo o benefício da nossa estratégia social. Nós aproximamos o Brasil mais do que qualquer outra companhia aérea na história, ajudando a gerar empregos, conectividade, desenvolvimento econômico, acesso a serviços médicos e outros.

No 1T22, também transportamos mais de 340 órgãos para transplantes e apoiamos diversas ações humanitárias. Essa vocação se estende à nossa equipe, com mais de 3.000 tripulantes cadastrados como voluntários e que apoiaram mais de 130 ações no trimestre.

Mantemos nosso foco na execução de nosso plano de negócios para 2022, com ênfase na expansão de nossa malha exclusiva por meio de uma capacidade disciplinada e ganhos de eficiência. Considerando o cenário atual de demanda, combustível e câmbio, esperamos gerar EBITDA recorde de R$4 bilhões em 2022 e R$5,5 bilhões em 2023, comparado ao nosso recorde anterior de R$3,6 bilhões em 2019.”

Resultados Financeiros

As demonstrações de resultados e os dados operacionais revisados devem ser lidos em conjunto com os comentários dos resultados trimestrais apresentados na sequência.

Dados Operacionais

Receita Líquida

No 1T22, a Azul atingiu uma receita operacional recorde no primeiro trimestre de R$3,2 bilhões, 74,9% acima do mesmo período do ano passado e 25,6% acima em comparação ao 1T19.

A receita de passageiros aumentou 77,9% enquanto a capacidade total aumentou 26,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em comparação com o 1T19, a receita de passageiros aumentou 16,8%, mesmo com o tráfego internacional e corporativo longe da recuperação total.

O PRASK aumentou 40,7% em relação ao 1T21 e 7,1% em relação ao 1T19, impulsionado pela forte e crescente demanda de lazer e pela robusta recuperação corporativa, o que permitiu aumentar gradualmente as tarifas.

A receita de cargas e outras aumentou 53,4% ano após ano, totalizando R$350,1 milhões no 1T22, impulsionada pela demanda robusta pelas soluções logísticas e malha exclusiva. Em comparação com o 1T19, a receita de cargas e outras receitas mais do que triplicou.

Custos e Despesas Operacionais

No 1T22, a Azul registrou despesas operacionais de R$3,1 bilhões, contra R$2,0 bilhões no 1T21, representando um crescimento de 53,1% principalmente devido a um aumento de 57,0% nos preços do combustível de aviação e um aumento de capacidade de 26,4%, parcialmente compensado por uma valorização média de 4,3% do real em relação ao dólar americano e por iniciativas de maior produtividade e redução de custos.

Em comparação com o 1T19, as despesas operacionais totais aumentaram 42,3%, impulsionadas principalmente por um aumento de 75,3% nos preços dos combustíveis de aviação e pela depreciação média de 38,8% do real em relação ao dólar americano, parcialmente compensada por uma maior produtividade e iniciativas de redução de custos.

O CASK normalizado por carga, combustível e taxa de câmbio comparado ao 1T19 foi essencialmente estável, compensando inflação de mais de 20% sobre custos denominados em reais nos últimos três anos, demonstrando maior eficiência e produtividade.

A composição das principais despesas operacionais em comparação com o 1T21 é a seguinte:

▪ O combustível de aviação aumentou 98,9% para R$1.189,0 milhões, principalmente devido a um aumento de 57,0% no preço do combustível de aviação por litro e um aumento de 26,4% na capacidade total, parcialmente compensado pela redução na queima de combustível como resultado da frota mais eficiente da nova geração.

▪ Os salários e benefícios aumentaram 4,8% para R$434,2 milhões, principalmente devido a um aumento de 10,6% nos funcionários em tempo integral (FTE) em comparação ao 1T21 para suportar o aumento de capacidade de 26,4%, parcialmente compensado por uma maior produtividade dos funcionários. Em termos de salários e benefícios por ASK, a redução foi de 17,2% em relação ao 1T21.

▪ A depreciação e a amortização aumentaram 51,9% ou R$178,3 milhões, impulsionadas pelo aumento do tamanho da frota em comparação ao 1T21 e por uma nova política contábil para provisão de motores.

▪ Tarifas aeroportuárias aumentaram 33,3% ou R$49,8 milhões, principalmente devido ao aumento de 21,8% nas horas-bloco e 16,0% nas decolagens, além da inflação de 11,3% nos últimos 12 meses.

▪ Prestação de serviço de tráfego aumentou 53,4% ou R$46,3 milhões, principalmente devido ao aumento de 20,6% no número de passageiros no 1T22 em comparação com o 1T21, além da inflação.

▪ Comerciais e marketing aumentaram 47,4% ou R$40,8 milhões, impulsionadas principalmente pelo crescimento de 74,9% na receita, o que aumentou as comissões de vendas e os embarques expressos de carga, que possuem taxas de comissão mais altas.

▪ Manutenção e reparos aumentaram R$53,3 milhões em comparação com o 1T21, principalmente devido a um número maior de eventos de manutenção no trimestre, parcialmente compensados por uma maior proporção de manutenção realizadas internamente e uma valorização média de 4,3% do real em relação ao dólar.

▪ Outras despesas operacionais aumentaram 38,4%, ou R$103,0 milhões, principalmente devido à inflação de 11,3% nos últimos 12 meses, um aumento nas despesas de treinamento à medida que as operações foram aumentadas e despesas relacionadas ao crescimento do negócio de cargas, compensado pela valorização do real em relação ao dólar.

Resultado não operacional

Despesas financeiras líquidas atingiram R$920,2 milhões, principalmente devido ao acúmulo de juros sobre empréstimos e obrigações de leasing no trimestre e ao aumento da taxa CDI média no período, passando de 2,2% no 1T21 para 10,3% no 1T22.

Instrumentos financeiros derivativos resultaram em um ganho líquido de R$209,9 milhões no 1T22, principalmente devido a um ganho de hedge de combustível registrado durante o período. A partir de 31 de março de 2022, a Azul passou a cobrir 16,7% de seu consumo esperado de combustível para os próximos doze meses, utilizando principalmente derivativos de heating oil.

Em variações monetárias e cambiais, líquidas, a Azul registrou um ganho não monetário em moeda estrangeira de R$3.298,4 milhões no 1T22 devido à valorização de 15,1% no final do período do real em relação ao dólar americano no trimestre, resultando em uma diminuição dos empréstimos e passivos de arrendamento denominadas em moeda estrangeira.

Disponibilidades e Financiamentos

A Azul encerrou o trimestre com R$3,3 bilhões de liquidez imediata, incluindo caixa e equivalentes de caixa, contas a receber e investimentos de curto prazo, mesmo depois de pagar mais de R$1,5 bilhão em arrendamentos, empréstimos, diferimentos, juros e despesas de capital. Essa liquidez imediata representou 28,7% da receita dos últimos doze meses.

A liquidez total incluindo depósitos, reservas de manutenção, investimentos de longo prazo e recebíveis foi de R$6,0 bilhões em 31 de março de 2022. Isso não inclui peças de reposição ou outros ativos não onerados como o TudoAzul e a Azul Cargo.

A Azul não possui pagamentos significativos de dívidas para os próximos dois anos e também não tem caixa restrito.

O gráfico abaixo converte a dívida em dólares para reais utilizando a taxa de câmbio do final do trimestre de 4,74:

A dívida bruta reduziu 12,9% ou R$2.962,7 milhões em comparação a 31 de dezembro de 2021, principalmente devido à valorização de 15,1% do real no final do trimestre e aos pagamentos de empréstimos e arrendamentos no total de R$1,1 bilhão no trimestre, compensado por R$431,8 milhões relativos à entrada de novas aeronaves na frota e a uma nova captação no valor de R$200 milhões, ilustrando nossa capacidade de acessar novas linhas de crédito.

Como resultado, a alavancagem da Azul, mensurada como dívida líquida dividida pelo EBITDA dos últimos 12 meses, foi de 7,8x. A Azul se descreve como confiante em sua capacidade de reduzir a alavancagem organicamente, podendo chegar a uma alavancagem começando com 5 no final de 2022, reduzindo para começar com 4 no final de 2023 e com 3 no final de 2024.

Em 31 de março de 2022, o prazo médio de vencimento da dívida da Azul, excluindo as obrigações de leasing e debêntures conversíveis, era de 2,8 anos, com uma taxa média de juros de 8,4%. A taxa média de juros das obrigações locais e denominadas em dólares era de 15,0% e 6,5%, respectivamente.

A tabela abaixo apresenta informações adicionais relacionadas aos arrendamentos. Foram incluídos tanto os pagamentos de arrendamento recorrentes, quanto os pagamentos que haviam sido diferidos:

Os principais índices financeiros da Azul são apresentados a seguir:

Frota

Em 31 de março de 2022, a Azul possuía uma frota operacional de 166 aeronaves de passageiros e uma frota contratual de 178 aeronaves de passageiros, com uma idade média de 6,9 anos, excluindo as aeronaves Cessna.

No final do 1T22, as 12 aeronaves não incluídas na frota operacional consistiam em 6 ATR sublocados à TAP, 3 Embraer E1 sublocados à Breeze, 2 Embraer E1 em processo de saída e 1 Airbus A330 em processo de entrada na frota.

Despesas de Capital (Capex)

Os investimentos líquidos totalizaram R$226,9 milhões no 1T22 relacionado principalmente com a capitalização de eventos de manutenção de motores e a aquisição de peças de reposição.

Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança (ESG)

A tabela abaixo apresenta as principais métricas ESG da Azul, de acordo com o padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para o setor aéreo:

Reconciliação dos Itens Não Recorrentes

Os resultados contábeis incluem os impactos de itens considerados como não recorrentes e que não devem ser considerados para comparação com períodos anteriores ou futuros.

No 1T22 os resultados operacionais foram ajustados para itens não recorrentes no valor de R$220,5 milhões, referente a provisões não monetárias devido à redução de voos durante a pandemia e das mudanças na composição e utilização da frota devido à COVID-19.

A tabela abaixo fornece uma reconciliação de nossos valores reportados em IFRS com os valores não-IFRS excluindo itens não-recorrentes:

Informações da Azul Linhas Aéreas

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias

Movimento no Aeroporto de Salvador (BA) foi de 2 milhões de...

0
Ao todo, os quatro principais aeroportos administrados pela VINCI Airports no Brasil somaram pouco mais de 3 milhões de passageiros.