A Airbus tem como objetivo introduzir uma modificação no software da unidade de controle do motor para os propulsores CFM56 da CFM International, a fim de reduzir o risco de segurança se os pilotos do A320 tentarem uma arremetida após a ativação da reversão de empuxo.
Os procedimentos padrão atuais exigem que as equipes a bordo se comprometam com um pouso completo depois que a reversão de empuxo tenha sido selecionada.
Contudo, uma análise dos dados após um incidente recente indicou que o nível de adesão aos procedimentos durante a operação do reversor era “inferior ao esperado” e representava uma “exposição significativa”, afirma a autoridade dinamarquesa de investigação de acidentes, Havarikommissionen.
Esta análise foi realizada como parte de uma revisão do design do reversor do CFM56, após um incidente grave em Copenhague, no qual um Airbus A320 da TAP abortou o pouso apesar da ativação dos reversores de empuxo na aterrissagem.
A aeronave subsequentemente subiu com empuxo assimétrico, depois que uma condição de lógica de software permitiu que as portas do reversor do motor esquerdo permanecessem abertas enquanto as portas do motor direito fossem guardadas durante a subida.
Os investigadores descobriram que a tripulação – tendo já selecionado a reversão de empuxo – avançou as alavancas de empuxo para executar uma arremetida, exatamente no momento em que a roda principal esquerda quicou na pista durante a aterrissagem.
Este pulo removeu o sinal de peso nas rodas e, combinado com o avanço da alavanca de empuxo, interrompeu o recolhimento do reversor do motor esquerdo.
Embora a tripulação tenha retomado o controle da aeronave e pousado com segurança, o incidente de abril de 2022 levou a Airbus a informar aos operadores do A320 sobre o acontecido e revisar o manual de operação do tipo para aumentar a conscientização da tripulação de que um pouso completo deve ser realizado após a seleção do reversor. A fabricante também aconselhou contra o armamento prematuro da reversão de empuxo antes do toque.
A fabricante examinou 3,4 milhões de voos de 31 operadoras para avaliar a adesão às recomendações relacionadas à utilização do reversor do A320. Esta análise indicou que uma arremetida após a seleção do reversor ocorreu aproximadamente uma vez em um milhão de voos em toda a família A320 e em suas diferentes configurações de motor.
Isso equivale a uma taxa, em toda a frota em serviço, de uma ocorrência por mês, embora o incidente em Copenhague tenha sido o primeiro envolvendo a falha de recolhimento de um reversor durante um pouso abortado.
A Havarikommissioneny recomendou que o software da unidade de controle do motor CFM56 seja modificado e afirmou que a Airbus iniciou o desenvolvimento de uma atualização que espera estar pronta no próximo ano.
