“As empresas aéreas lucram apenas R$11 por passageiro, é insustentável”, diz IATA

Apesar do aumento nas receitas e a volta da demanda de passageiros, a baixa rentabilidade das empresas aéreas ainda alerta a Associação Internacional do Transporte Aéreo, que aponta a um lucro de apenas R$11 por passageiro.

ISTAMBUL, IATA AGM – Durante a abertura da Assembleia Geral Anual da IATA, a Associação Internacional do Transporte Aéreo, o Diretor Geral da associação, Willie Walsh, afirmou que os lucros das empresas aéreas ainda estão muito aquém do esperado para um mercado sustentável.

“As companhias aéreas terão um lucro líquido de $9,8 bilhões de dólares (R$48 bi) este ano, que se traduzem em $2,25 dólares (cerca de R$11) por passageiro, então o valor que fica para cada empresa não paga um bilhete de metro em Nova Iorque, é algo insustentável”, disse o líder da Associação.

Por outro lado, Walsh destaca que, no ano passado, as empresas tiveram em média um prejuízo de $76 dólares (R$76) por passageiro, e que a volta ao lucro demonstra a retomada do setor no contexto pós-pandemia.

Os principais fatores

O ambiente econômico e geopolítico apresenta vários riscos para as perspectivas das companhias. Com apenas US$ 22,4 bilhões de lucro operacional (2,8%) entre US$ 803 bilhões em receitas e US$ 781 bilhões em despesas, a lucratividade do setor é frágil e pode ser afetada (positiva ou negativamente) por vários fatores. Em particular, deve-se levar em consideração:

As medidas de combate à inflação estão amadurecendo em taxas diferentes em diferentes mercados. Os bancos centrais estão calibrando os melhores níveis para que as taxas de juros tenham um efeito máximo de resfriamento sobre a inflação, evitando levar as economias à recessão.

Um fim mais cedo ou mais baixo para os aumentos das taxas poderia estimular os mercados para uma perspectiva mais forte para o final do ano. Da mesma forma, o risco de recessão permanece. Se a recessão levar à perda de empregos, as perspectivas do setor podem mudar negativamente.

A guerra na Ucrânia não está tendo um grande impacto na lucratividade da maioria das companhias aéreas. Uma paz atualmente imprevista poderia trazer o potencial para melhorias de custo com preços de petróleo mais baixos e eficiências da remoção ou flexibilização das restrições do espaço aéreo. Uma escalada, no entanto, provavelmente teria perspectivas negativas para a aviação global. As tensões geopolíticas já mais amplas pesam sobre o comércio internacional e qualquer escalada dessas tensões representa um risco negativo para as perspectivas do setor.

• Os problemas da cadeia de suprimentos continuam a impactar o comércio e os negócios globais. As cadeias de suprimentos estão mudando para preencher as lacunas de resiliência causadas pelas atuais tensões geopolíticas e pelos desafios enfrentados durante a COVID-19.

As companhias aéreas foram diretamente afetadas por rupturas na cadeia de suprimentos de peças de aeronaves que os fabricantes de aeronaves e motores não conseguiram resolver. Isso está afetando negativamente a entrega de novas aeronaves e a capacidade das companhias aéreas de manter e implantar frotas existentes.

• Os encargos de custos regulatórios correm o risco de aumentar devido aos reguladores cada vez mais intervencionistas. Em particular, a indústria pode enfrentar custos crescentes de conformidade com regulamentações de direitos dos passageiros cada vez mais punitivas e iniciativas ambientais regionais.

Todas as novidades e notícias da IATA AGM 2023, que ocorre de 4 a 6 de junho, em Istambul, podem ser consultadas neste link.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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