Associação rebate empresas aéreas que querem exclusividade na pista de Congonhas

A principal associação de pilotos e proprietários de aviões se posicionou contra a ideia de companhias aéreas terem exclusividade na pista principal de Congonhas.

Foto Ricardo Beccari / Divulgação AOPA

Desde o incidente com um jato privado Learjet 75 em Congonhas, que deixou o aeroporto fechado por quase 10 horas e impactou milhares de pessoas, tem se debatido sobre o uso do local, desde medidas extremas como fechamento até algumas limitações, como uso exclusivo para a aviação executiva ou para a aviação comercial.

Dentro deste contexto está a ABEAR – Associação Brasileira das Empresas Aéreas, composta pela GOL, LATAM e VOEPASS, que é a favor da operação exclusiva das empresas de voos regulares na pista maior e principal de Congonhas, onde o incidente ocorreu.

Este posicionamento não agradou aos operadores de aviões privados e taxi aéreo e a AOPA (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves), a maior associação de aviadores do mundo, criticou a ABEAR, através da sua filial brasileira, confira abaixo.

Leia na íntegra

Infelizmente, por razões a serem ainda averiguadas, a liberação das operações em Congonhas demorou várias horas. Essa demora provocou inúmeros cancelamentos e problemas nas malhas aéreas. O incidente em si, apesar da gravidade, felizmente, não causou maiores consequências para os tripulantes e passageiros da aeronave envolvida, o que por si só prova que a operação é segura”.

O fato é que os dois maiores e mais recentes acidentes ocorridos em Congonhas envolveram aeronaves de grande porte, de empresas aéreas. O que se viu nos dias seguintes daqueles acidentes terríveis foram opiniões de leigos, ignorantes em matéria operacional, pedindo a interrupção dos voos em Congonhas. Na época, toda a aviação – empresas aéreas, taxis aéreos e operadores privados – se uniu para demonstrar que, apesar dos acidentes e das suas consequências graves, as operações eram seguras e deveriam ser mantidas”. 

Como ocorre em situações com grande apelo junto a opinião pública, ignorantes no assunto e demagogos surgem com opiniões estapafúrdias. Logicamente essas opiniões, sem conexão com a realidade, acabam se mostrando infundadas e não resultam em nada além de confusão”.

Curiosamente, agora, ao que parece, a ABEAR surge com a mesma ideia que os leigos tiveram na época de acidentes com aeronaves da aviação comercial em Congonhas”.

Das duas, uma: ou a ABEAR tem algum outro interesse que não tem nada a ver com segurança (os dados mostram que a aviação privada não apresenta qualquer risco adicional às operações em Congonhas), ou quem fala pela ABEAR não entende absolutamente nada da operação aérea e está somente emitindo opiniões leigas”.

“As operações em Congonhas são extremamente seguras, para todas as aeronaves que lá operam, sejam da aviação comercial, de taxi aéreo ou particular. Os dados falam por si só: os grandes acidentes que ocorreram em Congonhas envolveram aeronaves da aviação comercial e em nenhum momento técnicos em segurança recomendaram a proibição de operações de aeronaves comerciais, de maior porte, no aeroporto. Esse tipo de opinião, se for verdadeira, não tem nada a ver com segurança, mas podem ter a ver com outros interesses, como o lobby por slots em Congonhas”.

Quem defende esse lobby deveria expor seus argumentos com transparência, fatos e dados, não com especulações que não guardam qualquer vínculo com a realidade. Aeroportos centrais do mundo inteiro harmonizam muito bem e com máxima segurança as operações da aviação comercial com as da aviação geral. Não há nenhum motivo para o mesmo não ocorrer no Brasil, como sempre ocorreu. Essa opinião da ABEAR, se for mesmo verdadeira, é no mínimo imprecisa”, avalia Humberto Branco, presidente da AOPA Brasil”.

Advogar em desfavor de um segmento da aviação é advogar contra a aviação como um todo. Associações sérias, que verdadeiramente trabalham pelo setor como um todo, não deveriam ser fontes de especulação, mas de opiniões técnicas de qualidade, que deem segurança à sociedade, não o contrário”.

Por enquanto nenhuma medida restritiva foi tomada em Congonhas, seja pela INFRAERO, ANAC ou DECEA, e o que ocasionou o incidente ainda está sob investigação.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

Veja outras histórias

Entregues os 2 primeiros King Air 260 de treinamento da grande...

0
A aeronave, que foi designada como T-54A, passa a substituir a frota de aeronaves T-44C Pegasus na Estação Aérea Naval Corpus Christi.