Uma polêmica foi criada em torno de um apoio dado pela GOL Linhas Aéreas a uma instituição a favor do controle de armas.
A polêmica começou no final de semana passado com o início do Campeonato Brasileiro de IPSC (International Practical Shooting Confederation) nas categorias arma de mão e carabinas com calibre de pistola, realizado na cidade de Curitiba.
Centenas de atiradores viajaram até a capital paranaense para competir, e muitos deles utilizaram o transporte aéreo pelas empresas Azul, Gol e Latam. No entanto, um detalhe chamou a atenção dos grupos: o financiamento da GOL ao Instituto Sou da Paz.
O Instituto Sou da Paz foi criado em 1997 e ganhou protagonismo com o Referendo Nacional sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições em 2005, no qual a população votou contra a proibição da venda de armas de fogo.
Desde então, o Instituto, junto com o Igarapé, se tornaram referências no assunto do controle de armas, e mais recentemente, com as mudanças na legislação sobre armas, continuaram a ganhar notoriedade, sendo bastante consultados por emissoras de TV.
Sempre que o assunto vai à mídia, gera um embate nas redes sociais, já que estudos do Sou da Paz apontam a um maior risco por conta do aumento de armas nas mãos da população, enquanto os praticantes de tiro alegam que a informação contradiz as estatísticas do próprio DataSUS, que indicam a uma queda nos crimes nos últimos anos.
Dentre os debatedores mais vocais está Fabrício Rebelo, responsável pelo Centro de Pesquisa em Direito e Segurança – CEPEDES e Bene Barbosa, autor do livro Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento, que também foi o principal líder do movimento contra o não-banimento da venda de armas em 2005:
Em uma recente postagem no Instagram e Twitter, replicada por Bene, Fabricio questionou aos seus seguidores se, nas próximas viagens para competições, irão utilizar os meios de financiadores, como a GOL e a Uber.
Como resultado, muitos comentários foram feitos pelos seguidores, criticando a ambas as empresas, assim como outros financiadores como o Banco Itáu, Grupo Globo, Fundação Lemann, de Jorge Paulo Lemann, e a Open Society Fundation, de George Soros.
Atualmente, o Brasil conta com mais de 600 mil atiradores registrados no Exército, um número maior que o efetivo das Forças Armadas, desconsiderando os reservistas. Por regulação da Polícia Federal, quem possui uma arma legalmente pode despachá-la em qualquer voo comercial, e muitos praticantes do tiro, policiais e militares utilizam-se deste serviço, principalmente para viagens fora do estado de residência com a finalidade de treino e competição.
Entramos em contato com a Gol. Se a companhia comentar, atualizaremos nesta publicação.
Situação nos EUA já casou fim de apoio
Nos Estados Unidos, o país com mais civis armados do mundo, o apoio das companhias aéreas ao setor de armamentos era algo comum até 2018, pelo fato de boa parte dos funcionários e clientes exercerem o direito da 2ª emenda da Constituição Americana, que garante o direito irrevogável de acesso às armas, sem restrições.
No entanto, após o Tiroteio em Massa na escola primária de Sandy Hook, na Flórida, quando um ex-aluno matou 26 alunos, a Delta e a United mudaram o seu apoio com a NRA.
A NRA, ou Associação Nacional do Rifle, é a maior entidade de direitos civis do mundo, com 150 anos de idade e mais de 5 milhões e meio de membros. O encontro anual da NRA sempre acontece em uma cidade diferente, atraindo milhares de pessoas e apoiadores da 2ª emenda, e para aproveitar este público, Delta e United ofereciam descontos para quem fosse à conferência.
Desde a tragédia, Delta e United decidiram por cancelar o desconto, a fim de se dissociarem da NRA, que tem um grande lobby pró-armas no Congresso e tem conseguido barrar qualquer lei que pareça ou seja um ataque à 2ª emenda.
Na época, inclusive, alguns congressistas ameaçaram retaliar a Delta, que poderia perder milhões em isenções.
