Ativistas divergem sobre o uso de aviões para ir à Cúpula do Clima em oásis egípcio

Imagem: IASTI-UK

Para muitas pessoas que lidam diariamente com as mudanças climáticas, há um dilema: embarcar em um avião poluente para ir à cúpula do clima no Egito ou acompanhar a cúpula remotamente por meio de transmissões ao vivo e da mídia.

Greta Thunberg, a ativista climática mais famosa do mundo, decidiu não ir à cúpula do clima este ano, depois de dizer ter perdido tempo no evento anterior. No mais, a sueca de 19 anos disse ter pouca fé nesse tipo de reunião. Durante o lançamento de um livro em Londres, ela chamou a próxima cúpula, a COP27, principalmente de pura maquiagem e defendeu uma abordagem muito mais radical.

Dezenas de milhares de pessoas veem de forma diferente e vão. A representante da juventude Sarah Oey, por exemplo, embora tenha sentimentos contraditórios sobre o uso de aviões. “Para causar impacto, você realmente precisa estar lá. É justamente nas conversas pessoais que você pode dar às pessoas um empurrãozinho na direção certa”, diz ela.

A professora Heleen De Coninck, da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, especializada em política climática, decidiu, após alguma hesitação, pular a cúpula no Egito. 

“Se fosse acessível de trem, acho que teria bloqueado alguns dias na minha agenda. Porque sempre há muito o que fazer em uma COP”, diz De Coninck. “De qualquer forma, penso dez vezes antes de pegar um avião”. Ainda assim, De Coninck vê as vantagens do contato pessoal. “Acho que o relatório do IPCC (o painel climático da ONU) no qual colaborei teria sido ainda melhor se pudéssemos estar mais juntos como autores.

O deputado europeu Mohammed Chahim, que vai ao Egito, também enfatiza isso. “Reunir-se fisicamente cria uma certa dinâmica. Isso não pode ser feito remotamente”, diz ele. Chahim ressalta que é justamente durante uma cúpula do clima que são feitos acordos sobre sustentabilidade. “Por exemplo, se podemos concordar internacionalmente sobre como vamos produzir aço sustentável, então estamos falando de 8% do total de emissões de CO2“. Assim, um voo a mais ou a menos faz pouca diferença, de acordo com ele.

Outras partes sentem desconforto ao voar, mas consideram o evento suficientemente importante. A COP27 ocorre em Sharm-el-Sheikh, um oásis à beira do Mar Vermelho, que pouco tem a ver com a poluída cidade do Cairo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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