Durante uma reunião com investidores no meio da semana, quando apresentou seus resultados do quatro trimestre e do ano de 2019, a Embraer informou que espera um novo atraso na aprovação pela Comissão Europeia da venda de 80% de seus segmento de aeronaves comerciais para a Boeing.
A nova data estimada é de, pelo menos 23 de junho, informaram os executivos da empresa durante a teleconferência. Apesar o momento turbulento, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, insistiu que o acordo continua sendo uma prioridade para a empresa.
O acordo, aprovado pelos acionistas da Embraer e pelo CADE no ano passado, exige que a Boeing pague US$ 4,2 bilhões em dinheiro pela participação. No entanto, à medida que a desvalorização das ações da Embraer acelera devido à crise do coronavírus, alguns analistas sugeriram que o preço poderia ser muito alto. A Embraer prometeu pagar a seus acionistas um dividendo especial de US$ 1,6 bilhão após a conclusão da venda.
Por enquanto, as duas empresas continuam se concentrando em obter a aprovação do órgão antitruste na Europa e, em seguida, entram em negociações adicionais sobre os termos do acordo. “Vamos trabalhar juntos para superar a situação do Covid-19 e fazer com que o acordo aconteça”, enfatizou Gomes Neto.
Sobre os planos de ação para o momento atual, a fabricante brasileira informou que as medidas tomadas por seus clientes para mitigar os efeitos do surto de vírus se concentraram quase exclusivamente nos adiamentos de aeronaves, principalmente deste ano até 2021, informou o diretor financeiro Antonio Carlos Garcia. “A Embraer ainda não teve nenhum cancelamento de pedidos e isso é importante para nós ”, ele disse.
No entanto, é importante notar que as empresas estão revendo seus negócios e, enquanto mundo estiver mergulhado na crise pandêmica, as incertezas ainda existirão. Por consequência, não se pode descartar a possibilidade de cancelamentos.
Somente a aviação comercial
A principal dúvida das pessoas com relação ao acordo entre Embraer e Boeing é: A Embraer será vendida?
Em primeiro lugar, é necessário entender que a divisão de aviação comercial é que está sendo vendida para a Boeing. A unidade de aviação executiva e de peças permanecem com a fabricante brasileira. Quanto à unidade de aviação militar, embora ela continue sendo controlada pela Embraer, a Boeing entrou com uma grande participação acionária e, portanto, não é possível dizer que ela não sofre influência dos americanos.
Em segundo, também é importante entender que sim, a aviação comercial da Embraer, seu principal workhorse, está sendo efetivamente vendido. Embora as empresas tentem vender que trata-se de uma Joint-Venture (JV), na verdade é uma compra de 80% da Divisão de Jatos Comerciais pela Boeing. A JV ficaria configurada numa situação em que as duas empresas se uniriam para fabricar algo novo ou entrar num mercado em que nenhuma das duas competisse. Mas não é o caso, já que cada empresa manterá exatamente as operações que tem hoje, havendo apenas uma transferência no controle acionário.
