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Aumento no peso dos passageiros faz empresa aérea inutilizar assentos nos aviões

Uma mudança na configuração interna dos jatos Boeing 757 da United mostrou como a aviação é sensível e sempre adaptativa. Tudo começou quando pessoas começaram a notar que algumas poltronas nos jatos Boeing 757 da empresa aérea United estavam bloqueadas para uso em qualquer voo ou rota.

Avião Boeing 757-200 United
Boeing 757-200 da United pousa em Los Angeles

No jato 757-200 da United Airlines, configurado para voos domésticos, os assentos 24B, 24E, 27E, 30B, 37B e 40B não estão disponíveis. Já no que faz voos internacionais, os bloqueados são o 29B, 32E e 36B. No maior modelo, o 757-300, as poltronas inutilizadas são a 16B, 19E, 27B, 30E, 36B e 39E, segundo reporta o portal Live and Let’s Fly.

O que há em comum entre estes assentos bloqueados é que todos são poltronas do meio e estão na metade traseira da aeronave. Este bloqueio irá durar apenas até meados de abril, quando termina a temporada de inverno nos EUA. Isso tem uma explicação.

Nos EUA, é o governo, através da FAA, quem define o peso médio de cada passageiro, dado que é utilizado nos cálculos para o voo de qualquer aeronave. As últimas mudanças foram em 2019 e, antes disso, na década de 1990. Com uma mudança mais recente, o passageiro do sexo feminino teve seu peso considerado de 65 kg para 81 kg. No inverno, por usarem mais roupas, o peso considerado de uma mulher foi de 68 kg para 83 kg.

O mesmo se repete para os viajantes do sexo masculino, que foram de 84 kg para 90 kg no verão, e no inverno de 86 kg para 92 kg. Estas mudanças levam em conta que a população americana está mais obesa no geral, seguindo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), e também levando em consideração que os passageiros estão levando mais bagagem de mão, com a expansão das empresas de baixo-custo e baixa-tarifa, que cobram por tudo, inclusive bagagem.

Por que o 757?

Com isso, ao menos na teoria, o avião está decolando até 1,8 tonelada mais pesado, no caso de um Boeing 757 cheio. Isto não seria um problema, a princípio, já que a conta final para o peso sempre leva em conta o número real de passageiros a bordo, que é variável.

Acontece que no 757 a situação é um pouco mais complicada, porque o avião tem um design em que a seção da fuselagem atrás da asa e do trem de pouso principal é proporcionalmente mais comprida do que outros aviões. Isso gera uma tendência de encostar a cauda no chão durante a decolagem ou pouso, o chamado tailstrike, exatamente por ser mais longo. Para evitar isso é necessário ter o avião bem balanceado.

No caso da United, seus aviões possuem mais assentos premium à frente, como a Executiva Polaris e a Econômica Premium, que ocupam mais espaço, oferecendo mais conforto para os passageiros. Logo, a parte da frente da aeronave fica menos densa e mais leve.

Dito isso, e com o aumento de peso dos passageiros, a United provavelmente viu que, durante o inverno, os aviões poderiam ficar desbalanceados mais facilmente, já que a Econômica está ainda mais pesada, com tendência do centro de gravidade da aeronave ficar mais para trás, facilitando a situação de tailstrike.

Uma solução encontrada foi reduzir o número de assentos na Econômica, proibindo os passageiros de sentarem neles ao inutilizá-los com adesivos vermelhos, e reforçando com as tripulações para que eles não estejam ocupados por ninguém durante todo o voo. A retirada dos assentos também poderia ser uma opção, mas, como a temporada de inverno em si não é longa, não vale o trabalho de parar o avião, tirar apenas 6 poltronas, voar com ele, e depois refazer o processo para colocar os assentos.

A United, por sua vez, não detalhou os motivos, mas confirmou que a mudança é por causa de “peso e balanceamento da aeronave de acordo com as regras da FAA”. Curiosamente a Delta possui várias configurações diferentes em seus 757-200 e -300, muitas parecidas com da United, mas não adotou nenhum bloqueio de assento.

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