Início Acidentes e Incidentes

Aviação geral em alerta após problema com gasolina importada pelo Brasil

Receba as notícias em seu celular, acesse o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Uma grande preocupação tem tomado conta da aviação geral brasileira nas últimas semanas, à medida que pilotos, proprietários e empresas de manutenção têm reportado casos graves de problemas relacionados à qualidade da gasolina importada que vem sendo disponibilizada nos aeroportos.

Até mesmo o acidente de ontem, no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, levantou suspeitas sobre uma possível relação com a situação, embora ainda seja totalmente precipitado e especulativo associar a queda a qualquer fator.

Segundo comunicado oficial da AOPA (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, antiga APPA), divulgado nessa quarta-feira, em 2018 a Petrobras interrompeu a produção de gasolina de aviação em território nacional e, desde então, apesar da expectativa de retomada, isso não ocorreu e o Brasil tornou-se importador do produto. A situação gerou, inclusive, uma falta generalizada do produto em todo o Brasil entre 2018 e 2019.

Depois dessa mudança do cenário produtivo nacional, no segundo semestre de 2019, operadores e oficinas passaram a relatar aparentes índices excessivos de chumbo no combustível, que se acumulavam de forma anormal em partes do grupo motopropulsor.

Investigações realizadas na ocasião, até onde a AOPA Brasil foi informada pela associação dos distribuidores, deram conta de que as amostras de produto retiradas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), Distribuidoras e Petrobras, em diferentes pontos de amostragem, desde os tanques de estocagem na refinaria até os tanques das distribuidoras nos aeroportos, estavam dentro das especificações de chumbo previstas.

Havia sido detectada diferença no teor de chumbo do produto produzido no Brasil para o importado, porém, dentro dos limites da especificação, segundo a associação de distribuidores.

Na última terça-feira, no entanto, passaram a circular diversas informações, em redes sociais de operadores aeronáuticos, em diversas localidades e regiões do Brasil, dando conta da possível ocorrência de corrosões agressivas, aparentemente provocadas pelo combustível, que se apresentam em tanques de aeronaves, juntas, mangueiras, seletoras, bicos injetores, drenos e em outras partes e componentes. Essas informações foram transmitidas inclusive com imagens, já repassadas pela AOPA à ANAC.

Sinais de vazamento de combustível (Imagem enviada por leitores)

Sinais de vazamento de combustível (Imagem enviada por leitores)

Sinais de vazamento de combustível (Imagem enviada por leitores)

Dado o risco severo decorrente de uma eventual contaminação do produto em algum ponto da cadeia de suprimento, a AOPA informa que solicitou pronta ação da ANAC para:

  • 1. Revelar todos os testes realizados pela Petrobras e distribuidores no combustível importado nos últimos 120 dias;
  • 2. Realizar novos testes em diversos pontos da cadeia de distribuição, revelando, assim que possível, seus resultados;
  • 3. Abrir canal de comunicação direta e formal entre a comunidade aeronáutica e a ANAC para que se consiga mapear localidades, aeronaves, amostras de produtos e componentes potencialmente contaminados;
  • 4. Fornecer imediatas instruções a aviadores, distribuidores, revendedores, operadores e aviadores relativamente a verificações que possam ser conduzidas antes das operações como pronta forma de mitigação de riscos.

Diante da situação, a AOPA Brasil recomenda a todos seus associados que aumentem muito seu rigor nas inspeções pré-voo. Preferencialmente, expandam essa verificação para detalhes em mangueiras, conectores, juntas e seletoras em busca de indícios de vazamento de combustível.

A AOPA Brasil lembra que esse não é um assunto trivial e os aviadores são os primeiros interessados e responsáveis pela segurança das suas operações.

A Associação recomenda ainda que, caso haja indício de vazamento, os voos sejam abortados, a situação seja documentada com fotos, uma amostra do combustível que esteja nos tanques seja colhida e guardada, e uma oficina de manutenção seja procurada imediatamente.

Além disso, sugere que o operador entre em contato imediatamente com o revendedor ou distribuidor que abasteceu a aeronave e exija o atestado de qualidade do produto, bem como reporte o problema à ANAC e ao CENIPA.

Informações oficiais da AOPA Brasil.

Receba as notícias em seu celular, acesse o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Sair da versão mobile