Avião A330 da Azul faz 22 voltas antes de pousar, ao precisar voltar à origem do voo

Um movimento de uma grande aeronave nessa noite de segunda para terça-feira, 30 e 31 de janeiro, despertou a atenção de diversas pessoas no interior do estado de São Paulo, ao verem o jato rodando por muito tempo a baixa altura nas proximidades das cidades de Rio Claro e Piracicaba.

Vários leitores enviaram mensagens ao AEROIN, preocupados com a situação, mas, vale ressaltar desde já, tudo terminou bem e em total segurança, conforme o vídeo a seguir, que mostra o pouso do avião após 5 horas desde a decolagem. Abaixo da gravação, estão as informações disponíveis até o momento sobre o assunto.

A aeronave em questão é o Airbus A330-200 registrado sob a matrícula PR-AIZ, da Azul Linhas Aéreas, um avião de viagens de longo alcance, que na companhia brasileira é configurado para transportar pouco mais de 240 passageiros.

Avião Airbus A330-200 Azul Linhas Aéreas
Airbus A330-200, igual ao envolvido na ocorrência

Segundo histórico da plataforma RadarBox de rastreamento de voos, este avião havia voado pela última vez no dia 19 de janeiro, entre Orlando, nos Estados Unidos, e Campinas (SP), e na noite desta segunda-feira, 30, voltou a entrar na malha de voos da companhia.

O A330 decolou do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), às 23h26, no voo AD-8708 com destino a Orlando, e o histórico indica normalidade na operação por pouco mais de 1 hora, com o jato chegando até 36 mil pés (10.970 metros) e se mantendo nessa altitude de cruzeiro.

À meia-noite e 36 minutos, porém, quando sobre Barra do Garças, na divisa de Goiás com Mato Grosso, os pilotos iniciaram uma curva para retorno a Campinas.

O momento em que o retorno era iniciado – Imagem: RadarBox

Pela próxima 1 hora de voo, os pilotos mantiveram o PR-AIZ em altitude de cruzeiro e iniciaram a descida padrão, mas, entre São Carlos e Rio Claro, colocaram o A330 em órbitas (trajetórias circulares de espera em voo) a 13 mil pés (3.960 metros) de altitude.

Nesse ponto, cerca de duas horas se passaram e 16 voltas foram realizadas até que o jato saísse do movimento de espera, entretanto, mais cinco minutos à frente, agora sobre a região de Piracicaba, os pilotos iniciaram novo procedimento, dessa vez com as órbitas a 9 mil pés (2.740 metros) de altitude.

A aeronave realizando órbitas sobre Rio Claro – Imagem: RadarBox
O A330 já sobre a região de Piracicaba – Imagem: RadarBox

Na região de Piracicaba, foram mais 30 minutos e 6 voltas completas até que o jato fosse finalmente levado, completando o pouso pela pista 15 de Viracopos após 22 órbitas e 5 horas de voo, às 04h30 da madrugada, como visto no vídeo acima.

Conforme o áudio que acompanha a gravação da chegada, o piloto não declarou emergência (“MAYDAY”) e nem urgência (“PAN PAN”) ao fazer contato com o controlador de tráfego aéreo, o que indica que não se tratou de nenhum problema que representasse algum risco à segurança da aeronave ou das pessoas a bordo.

A ausência de veículos de emergência nas proximidades da pista durante o pouso também reforça que não se tratava de urgência ou emergência.

Até a publicação dessa matéria, ainda sem nenhuma informação sobre o que causou a necessidade de retorno ao aeroporto de origem, a única coisa que se pode dizer é que as 22 voltas realizadas antes do pouso são o procedimento padrão para consumo de combustível, já que o A330 havia decolado para um longo voo, portanto, estava acima do peso máximo de aterrissagem.

Os aviões sempre possuem um peso máximo de decolagem muito superior ao máximo de pouso, pois o trem de pouso e a estrutura da aeronave não sofrem os mesmo esforços na partida que sofrem no momento da aterrissagem.

Há aeronaves que contam com sistema de alijamento em voo, que permitem expelir o combustível na atmosfera para reduzir o peso com mais rapidez, porém, esse não é o caso do A330-200, por isso, existe essa necessidade de permanência em voo para consumo do fluido.

Também vale lembrar que os pilotos prosseguiriam para a aterrissagem com o avião acima do peso máximo de pouso se a gravidade da situação a bordo necessitasse de um pouso imediato, o que não foi o caso com esse A330 da Azul. Nesses casos de pousos acima do peso máximo, as aeronaves são posteriormente submetidas a uma inspeção para avaliar se houve danos estruturais.

O AEROIN trará atualizações sobre essa ocorrência quando novas informações se fizerem conhecidas.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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