Avião Boeing WC-135 da USAF que detecta explosões nucleares foi visto na costa brasileira

Foto: USAF

Uma aeronave Boeing WC-135 Constant Phoenix da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) foi vista ao longo desta segunda-feira (16) sobrevoando a costa brasileira desde o Norte do país, passando por todo o Nordeste e chegando até o Sudeste, num voo que já durava mais de 9 horas no momento em que essa matéria foi escrita.

O equipamento faz coleta atmosférica de partículas, gases e detritos de regiões acessíveis da atmosfera em apoio ao Tratado de Proibição Limitada de Testes Nucleares de 1963.

Qual a finalidade

A aeronave é um C-135B modificado ou Plataforma EC-135C. As modificações Constant Phoenix estão relacionadas principalmente ao seu conjunto de coleta atmosférica a bordo, que permite à tripulação da missão detectar “nuvens” radioativas em tempo real. A aeronave é equipada com dispositivos externos de fluxo para coletar particulados em papel filtro e um sistema de compressor para amostras de ar coletadas em esferas de retenção.

A tripulação do cockpit é do 45º Esquadrão de Reconhecimento da Base Aérea de Offutt, Nebraska. No total, 14 unidades desse modelo foram construídas e apenas duas seguem em serviço no mundo. O avião que sobrevoa a costa brasileira tem 63 anos de idade.

RASTREAMENTO DO VOO – Dados da plataforma FlightRadar24 mostram que a aeronave de matrícula 64-14836 decolou de San Juan, em Porto Rico, com número de voo MILLR36 e sobrevoou toda a costa sul-americana, desde a Venezuela até a região do Rio de Janeiro, quando desceu até 6.500 pés, antes de fazer meia-volta. Ainda não há detalhes disponíveis de onde a aeronave vai pousar.

Histórico

O General Dwight D. Eisenhower comissionou o programa Constant Phoenix em 16 de setembro de 1947, quando encarregou as Forças Aéreas do Exército da responsabilidade geral pela detecção de explosões atômicas em qualquer lugar do mundo. Em setembro de 1949, um WB-29 voando entre o Alasca e o Japão detectou detritos nucleares do primeiro teste atômico da Rússia – um evento que não era possível até meados de 1950.

A partir de agosto de 1950, as aeronaves WB-50 foram convertidas para a missão de amostragem aérea durante um período de dois anos. As aeronaves WC-135 começaram a substituir os WB-50 em dezembro de 1965 e se tornaram o carro-chefe do programa de coleta atmosférica.

Missões de amostragem de ar foram realizadas rotineiramente no Extremo Oriente, Oceano Índico, Baía de Bengala, Mar Mediterrâneo, regiões polares e nas costas da América do Sul e África. O WC-135W desempenhou um papel importante no rastreamento de detritos radioativos do desastre da usina nuclear de Chernobyl, na União Soviética. 

Atualmente, a missão de amostragem de ar apoia o Tratado de Proibição Limitada de Testes Nucleares de 1963, que proíbe qualquer nação de testar armas nucleares acima do solo. Os WC-135 são atualmente as únicas aeronaves no inventário que realizam operações de amostragem de ar.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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