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Avião chama atenção em Porto Alegre ao rodar por mais de 5 horas sobre a cidade

Imagem: FlightRadar24

Uma movimentação fora do comum no céu da capital gaúcha despertou a curiosidade e até preocupação de muitos dos habitantes da cidade durante esta terça-feira, 4 de outubro, fazendo com que diversos leitores entrassem em contato com o AEROIN perguntando o que estaria acontecendo.

Uma aeronave do porte de um jato executivo ficou rodando sobre Porto Alegre por cerca de 2 horas durante a manhã, e depois durante mais de 3 horas e meia durante a tarde, totalizando mais de 5 horas e meia de muitas voltas em altitude reduzida.

A imagem a seguir mostra a trajetória apenas do voo do período da tarde:

Imagem: RadarBox

Como visto na imagem acima, a aeronave envolvida é registrada como FAB3604, ou seja, trata-se de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). De maneira mais específica, este equipamento é designado IU-50, uma versão especial do jato Embraer Legacy 500.

A quem acompanha o AEROIN há algum tempo e com frequência, a aeronave acima descrita já é bastante conhecida de outras matérias sobre o assunto, mas a todos que buscam entender o que houve, voltamos a apresentar os detalhes a seguir.

Durante a trajetória de um voo, as aeronaves que trafegam pelos céus do Brasil são “orientadas” por equipamentos de navegação, distribuídos pelo território nacional.

Em cada etapa do voo, da decolagem, rota e pouso, os pilotos mantêm comunicação via rádio com os controladores de tráfego aéreo, mas também recebem sinais dos mais de 800 auxílios à navegação aérea, fundamentais para que cada voo aconteça com segurança.

A operação do tráfego aéreo depende, entre outros fatores, da acuracidade destes auxílios-rádio, dos auxílios visuais e dos procedimentos de navegação aérea.

Na prática, embora os medidores de terra indiquem posicionamento normal dos componentes de um auxílio-rádio, informações imprecisas podem ser transmitidas às aeronaves em voo.

A justificativa para o recebimento de sinais com distorções pode ser causada por reflexões no solo ou em edificações, acidentes topográficos, interferências de linhas telefônicas, redes de energia elétrica ou, ainda, de outros auxílios. Como estes equipamentos são instalados para terem seus sinais utilizados por aviões, há necessidade de que seja comprovada a correção da informação transmitida.

O Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV)

Esta comprovação abrange a verificação, aferição e ajuste dos equipamentos, realizada por aviões especialmente equipados, denominados aviões-laboratório. A atividade de Inspeção em Voo é missão do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Este jato visto hoje sobre Porto Alegre é um dos equipamentos utilizados pelo GEIV.

IU-50 e equipe do GEIV – Imagem: DECEA

Hierarquicamente, o Grupo está subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB).

Os pilotos-inspetores e as aeronaves-laboratório do GEIV

É dos pilotos-inspetores do GEIV a função de verificação de todos os aeroportos brasileiros, auxílios e procedimentos à navegação aérea, perfazendo um total de:

– 83 VOR (Very High Frequency Omnidirectional Range);

– 57 Sistemas de Pouso por Instrumentos;

– 67 Radiofaróis;

230 Auxílios Visuais de Aproximação;

– 208 Radares Primários e Secundários;

– 877 Procedimentos de Aproximação – dentre outros tipos de procedimentos de voo; e

– 21 Estações Rádio, além da atividade de Radiomonitoragem, essencial para a operação aérea segura.

Para o cumprimento desta missão, o Grupo Especial de Inspeção em Voo dispõe de modernas aeronaves-laboratório: quatro Hawker 800XP (IU-93) e quatro Legacy 500 (IU-50), que contam com o Sistema de Inspeção em Voo embarcado UNIFIS 3000, que monitora, avalia e analisa em voo, os sinais eletrônicos provenientes dos auxílios à navegação aérea.

Esse sistema é o estado da arte em termo de avanço tecnológico, totalmente digital. Nos primórdios da inspeção em voo, era usado um sistema analógico chamado de C-FIS. O Operador de Sistema de Inspeção em Voo (OSIV) tinha que fazer manualmente os cálculos para verificar o funcionamento dos auxílios.

A equipe de inspeção em voo no Brasil é composta por seis militares: um piloto-inspetor (PI), um primeiro-piloto de inspeção em voo (1P), um OSIV, dois operadores de sistema de posicionamento de aeronave (OSP) e um mecânico de voo (MEC).

Portanto, a todos que viram o IU-50 no céu por horas durante essa terça-feira, tratava-se da aferição dos instrumentos de auxílio à navegação aérea e pouso do Aeroporto Salgado Filho.

O avião executa diversas aproximações de pouso e passagens sobre a pista para que o trabalho possa ser feito, porém, como o aeroporto segue operando, o GEIV precisa se afastar e manter trajetórias circulares de espera quando há outras aeronaves pousando ou decolando. Esse foi o motivo do curioso movimento incomum sobre Porto Alegre.

Com informações do DECEA

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