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Avião da Emtrasur está retido em Buenos Aires há um ano; Venezuela chama de “sequestro”

Doze meses se passaram desde que a aeronave Boeing 747-300M, matrícula YV3531, da empresa venezuelana Transportes Cargo del Sur (Emtrasur), subsidiária da empresa pública Consorcio Venezolano de Industrias Aeronáuticas y Servicios Aéreos (Conviasa), foi retida na Argentina após um voo misterioso carregando diversas pessoas não especificadas no manifesto do voo.

Uma nova decolagem de Buenos Aires não foi possível, pois além das investigações estarem em curso, nenhuma empresa queria dar atendimento ou abastecer o Boeing 747, que ainda tinha vínculos com iranianos sancionados. Meses se passaram e uma posterior apreensão do jato pela Argentina fez com que a Venezuela passasse a acusar o caso de “sequestro ilegal e arbitrário da aeronave” em nome do império norte-americano”.

“Desde essa ação, a Emtrasur não para de denunciar ao mundo que seu avião foi sequestrado sem nenhum tipo de respaldo legal por mais de um ano no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires”, diz o governo venezuelano.

“A aeronave, que transportava autopeças para a empresa Volkswagen Argentina, foi detida depois que a transnacional Shell se recusou a fornecer combustível devido às medidas coercitivas unilaterais impostas contra a Venezuela, fato que também representou um risco operacional considerável para a tripulação, pelo fato de ter sido obrigada a manobrar com as reservas de combustível no limite“, seguiu.

Desde então, a aeronave e a sua tripulação têm sido alvo de uma série de inspeções e apreensões ilegais de passaportes, impressões digitais e celulares, sem que tenham sido encontrados elementos que justifiquem as acusações de alegadas atividades ilícitas conexas. Apesar disso, o Tribunal do Distrito de Columbia (EUA), de forma arbitrária e sem respaldo legal, emitiu ordem de apreensão do avião, justificando que ele está sujeito a confisco por supostas violações das leis de controle de exportação dos Estados Unidos, argumento que carece respaldo legal e é mantida apenas como mais uma medida política contra o governo do presidente Nicolás Maduro e o povo venezuelano”, completou o lado venezuelano.

A defesa da Emtrasur apresentou recursos exigindo a liberação da tripulação e a devolução do avião, argumentando que a aeronave foi comprada da empresa iraniana Mahan Air e que o voo para a Argentina fazia parte dos planos de treinamento da tripulação venezuelana, procedimento regular neste tipo de aquisição, o que justificaria a presença dos iranianos a bordo.

Em 13 de setembro do ano passado, a autorização de saída do país para os 12 tripulantes da aeronave foi oficializada pela Câmara Federal de La Plata, que confirmaria que nem a tripulação nem a empresa jamais estiveram relacionados com atos criminosos. O magistrado considerou que não há provas suficientes para processar a tripulação do avião.

Ainda assim, isso não foi suficiente para liberar o avião, que agora está no centro de um imbróglio, já que ao governo argentino já teria decidido atender ao pedido dos americanos e mudar isso poderia afetar as relações diplomáticas com um importante parceiro, muito mais do que a Venezuela.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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