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Avião de ataque ítalo-brasileiro será aposentado na Europa

O jato militar brasileiro de maior sucesso, o AMX, será aposentado por um de seus criadores, a Itália, que desenvolveu o projeto junto ao Brasil.

AMX da Itália – Foto por Sgt. Michael R. Holzworth (USAF)

O jato, desenvolvido em conjunto pela brasileira Embrer e a italiana Alenia Aermacchi (hoje parte da Leonardo), foi a segunda parceria de sucesso entre o Brasil e Itália no setor aeronáutico. A primeira foi o Aermacchi MB-326, conhecido no Brasil como AT-26 Xavante, feito sob licença pela Embraer.

De missão similar, o Xavante e o AMX são aeronaves voltadas para o ataque ao solo, e deram à fabricante brasileira um importante conhecimento na construção de aeronaves militares de alta performance, na época que a Embraer só fabricava turboélices.

O primeiro AMX foi entregue para a Itália em 1988 e o Brasil começou a receber no ano seguinte. Além das fábricas em localidades distintas, Turin e São José dos Campos, a versão italiana e a brasileira tinham outras diferenças.

Primeiro, os EUA bloquearam a venda, na época, do canhão rotativo M61 Vulcan de 20mm, e a Embraer optou então por colocar dois canhões tradicionais franceses DEFA Mk-164 de 30mm, os mesmos dos Mirage III e 2000 operados pela FAB.

Além do armamento principal, a versão italiana contava com aviônica compatível com a OTAN, enquanto a brasileira tinha outros dispositivos, além de contar com um número maior de sensores e câmeras, já que na FAB também cumpria a função de reconhecimento.

Na Itália ele foi o principal avião-bombardeiro da Aeronautica Militare, tendo inclusive servido em combate no Kosovo, Bósnia e Afeganistão durante a intervenção liderada pelos EUA, a ISAF. Mas agora essa história chegará ao fim.

Segundo disse o Coronel Emanuele Chiadroni, o novo comandante do esquadrão 51 Stormo, único que ainda está operando o AMX na Itália, ao jornal Treviso Today, o foco será no Eurofighter Typhoon.

Ainda estamos na fase de estudo do programa de aposentadoria gradual do AMX, mas será algo curto, falando de 1 a 2 anos, não mais que isso por razões logísticas e o contrato com o programa Eurofighter, que substituirá o AMX. A realidade é que agora já estamos 100% operacionais com o Typhoon, e temos poucos pilotos que voam ambas as aeronaves, o foco é no novo caça”, afirmou o oficial, citando que maioria dos pilotos só está apto hoje para voar o Eurofighter.

Sem substituto direto

Enquanto o Eurofighter é um caça, mais do que um avião de ataque, é uma plataforma bastante versátil, e trará mais opções para a Aeronautica Militare.

No Brasil a situação, porém, ainda é incerta, já que o sueco SAAB Gripen NG substituirá apenas o já cinquentão Northrop F-5E Tiger, ao menos com a previsão atual de 40 novos caças Gripen não são suficientes para substituir os AMX, que são em torno de 35 unidades operacionais hoje.

Divulgação – Eurofighter

Uma opção fora o Gripen, com custo menor, seria um sucessor mais natural do AMX, o Leonardo M346, ou o seu concorrente americano-sueco Boeing-SAAB T-7 Red Hawk, que venceu o italiano na disputa da Força Aérea dos EUA por um novo jato de treinamento.

No entanto, nenhum desses jatos são aeronaves de ataque “puras”. Por outro lado, um estudo apontou que a saída do Xavante deixou uma lacuna nos novos caçadores da FAB, que estão “pulando” do turboélice Super Tucano diretamente para o F-5 ou o AMX, sem um jato de transição, o que tem dificultado o aprendizado.

Outro detalhe interessante é que a experiência de sucesso da Embraer com a Alenia Aermacchi levou o Brasil a exigir que o caça do FX-2 (disputa que o sueco Gripen ganhou) fosse parcialmente fabricado no país para, quem sabe no futuro, fazer novamente um jato militar de origem brasileira, parcial ou completamente.

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