O voo de um avião bimotor turboélice chamou a atenção hoje, terça-feira, 23 de agosto, nos aplicativos de rastreamento de voo, após mensagens políticas serem usadas pelos pilotos.
Quem estava com os aplicativos de rastreamento de voo, como o RadarBox ou o FlightRadar24, abertos na tarde de hoje e com o mapa na área de São Paulo, notou um nome diferente.
Um Beechcraft King Air C90GTi fez um voo bate e volta do Mato Grosso do Sul para Congonhas, em São Paulo, mas, ao invés da matrícula estar em destaque no radar, apareciam mensagens políticas.
A primeira que apareceu foi “APERTE22”, em referência ao número de votação de Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil e candidato à reeleição. No voo de volta para o Mato Grosso do Sul, a mensagem que aparecia era “GLBOLIXO”, que é uma abreviação para a frase “Globo Lixo”, utilizado por vários grupos políticos para criticarem a emissora de TV.
Ao pesquisar o histórico da aeronave, na data de ontem o avião fez um voo de Lins no interior paulista para Cassilândia (MS), utilizando o texto “LULADRAO”, em referência a frase política “Lula Ladrão”, citando o ex-presidente do Brasil e também candidato ao Planalto. Em outros voos anteriores, foram usados os código “ELESIM” e “MITO22”, novamente em referência a Bolsonaro.
Donos da aeronave
ERRAMOS: Inicialmente, havíamos ligado a aeronave a um grupo de fazendeiros, mas no RAB consta o status de “COMUNICADA A VENDA”, de modo que os donos atuais não são conhecidos ainda. Segundo fontes, o voo de ontem foi um teste realizado apenas com o piloto, que usou tais códigos por livre e espontânea vontade e à revelia do antigo proprietário.
O que aparece na tela
Os aplicativos de rastreamento de voos reproduzem em destaque sempre o chamado Flight ID, que é o código de identificação de voo. Este código alfanumérico é usado para facilitar a identificação das aeronaves comerciais.
Por exemplo, enquanto um Boeing 737 MAX da GOL de matrícula PR-XMA está fazendo um voo do Rio para São Paulo, seu indicativo de chamada (nome) no rádio será GOL1031, e seu Flight ID também será, para facilitar a conciliação entre a informação mostrada no radar e a ouvida no rádio pelo controlador, assim como outras aeronaves.
Aeronaves militares, por exemplo, usam o código da sua unidade ou da missão, como “Pampa 22” para um caça F-5 da FAB, ou “Força Aérea Um”, quando o presidente está a bordo do Airbus presidencial.
No Brasil, atualmente, não existe nenhuma legislação que exija que o Flight ID seja igual o indicativo de chamada, já que esta tecnologia é relativamente nova e uso de transponders mais novos ou com tecnologia ADS-B não são ainda obrigatórias no país.